Provamos através da lógica, mas descobrimos a partir da intuição.
Passagens sobre Intuição
65 resultadosSendo o cómico a intuição do absurdo, ele afigura-se-me mais desesperante do que o trágico.
Não Existe um Verdadeiro Sistema de Pensamentos
Enfaticamente, não pode existir um verdadeiro sistema de pensamentos, pois nenhum sinal pode substituir a realidade. Pensadores profundos e honestos chegam sempre à conclusão de que toda a cognição é condicionada a priori pela sua própria forma e nunca pode alcançar aquela que as palavras significam… E este ignorabimus também está em conformidade com a intuição de todo o verdadeiro sábio: que os princípios abstractos da vida são aceitáveis somente como formas de expressão, máximas banais de uso quotidiano sob as quais a vida corre, como sempre correu, para a frente. Em última análise, a raça é mais forte do que as línguas, e é assim que, debaixo de todos os grandes nomes, houve pensadores, que são personalidades, e não sistemas, que são mutáveis, que produziram efeito sobre a vida.
Tenha coragem de seguir seu coração e intuição, de alguma maneira eles já sabem o que você realmente quer se tornar.
Captar a Essência
Para perceberes tudo o que existe para lá do óbvio, é necessário estares atento aos sinais e que te permitas sentir para lá do normal. E isso só é possível se te alienares da matemática da mente e da racionalidade do que vês e do que ouves.
Conheço perfeitamente a magia de saber ouvir a intuição. E sim, refiro-me a magia porque é necessário alienarmo-nos do visível para lhe termos acesso. Quem apenas se limita a acreditar no que vê, nunca lhe achará sentido. A interpretação do que acontece à nossa volta tem múltiplas faces, porém existe uma ou outra que nos transcende para outros patamares de entendimento. Na vida tudo acontece ao mesmo tempo e com as mais variadas pessoas, no entanto podemos captar a essência do que verdadeiramente acontece e que não é visível se estivermos despertos. E estar desperto é estar consciente, atento ao mais pequeno sinal que a vida ou os outros nos dão.
As maiores oportunidades, assim como as grandes tomadas de consciência, nascem dessa ligação ao invisível, dessa passagem para lá do óbvio. As peças encaixam-se quando transcendes a matriz do que te foi ensinado para o mundo daquilo que é sentido.
Quem Confia Supera-se
Quanto mais confiante fores, maior ameaça és.
Quem confia supera-se, é maior e mais alto. Conquista mais, é mais forte e vê mais longe. Sabe por onde caminhar, sabe melhor o que não quer e sabe antecipar-se. Vive, portanto, melhor preparado para resistir a tudo e persistir perante qualquer adversidade.
Quem confia sempre alcança.
Somos uma sombra na vida dos encolhidos. Um despertador que não para de lhes gritar aos ouvidos expressões como: «mexe-te», «vês como eles conseguem», «não vales nada» ou «quem te dera ser como eles». E isto, naturalmente, incomoda-os. Dá-lhes a volta ao estômago. Mas em vez de tal chamariz de verdade os acicatar e os empurrar para a ação, acabam por escolher transformar isso em inveja, raiva e ódios de estimação ao ponto de olharem para ti, não como uma força inspiradora capaz de lutar por tudo o que quer, mas como um alvo a abater. É como se o objetivo das suas vidas passasse a ser a destruição do chato despertador que não para de lhes zumbir a realidade, em lugar de ser a realização das suas próprias e eventuais vontades.
Dito isto, prepara-te para teres de lidar com eles todos os dias.
A razão pode advertir-nos do que é preciso evitar; só a intuição nos diz o que há que fazer.
Não existe nenhum caminho lógico para a descoberta das leis elementares do universo – o único caminho é o da intuição.
Com Quantos Tenho que Casar?
Querida íbis:
Desculpa o papel impróprio em que te escrevo; é o único que encontrei na pasta, e aqui no Café Arcada não têm papel. Mas não te importas, não?
Acabo de receber a tua carta com o postal, que acho muito engraçado.Ontem foi — não é verdade? — uma coincidência engraçadíssima o facto de eu e minha irmã virmos para a Baixa exactamente ao mesmo tempo que tu. O que não teve graça foi tu desapareceres, apesar dos sinais que eu te fiz. Eu fui apenas deixar minha irmã ao Avda. Palace, para ela ir fazer umas compras e dar um passeio com a mãe e a irmã do rapaz belga que aí está. Eu saí quasi imediatamente, e esperava encontrar-te ali próximo para falarmos. Não quiseste. Tanta pressa tiveste de ir para casa de tua irmã!
E, ainda por cima, quando saí do hotel, vejo a janela de casa de tua irmã armada em camarote (com cadeiras suplementares) para o espectáculo de me ver passar! Claro está que, tendo visto isto, segui o meu caminho como se ali não estivesse ninguém. Quando eu pretendesse ser palhaço (para o que, aliás,
O Comportamento Simbólico e o Comportamento Inequívoco
Na verdade, encontramos desde as origens da história humana estas duas formas de comportamento, a simbólica e a inequívoca. O ponto de vista do inequívoco é a lei do pensamento e da acção despertos, que domina quer uma conclusão irrefutável da lógica quer o cérebro de um chantagista que pressiona passo a passo a sua vítima, uma lei que resulta das necessidades da vida, às quais sucumbiríamos se não fosse possível dar uma forma inequívoca às coisas. O símbolo, por seu lado, é a articulação de ideias próprias do sonho, é a lógica deslizante da alma, a que corresponde o parentesco das coisas nas intuições da arte e da religião; mas também tudo o que na vida existe de vulgares inclinações e aversões, de concordância e repulsa, de admiração, submissão, liderança, imitação e seus contrários, todas estas relações do homem consigo e com a natureza, que ainda não são puramente objectivas e talvez nunca venham a sê-lo, só podem ser entendidas em termos simbólicos.
Aquilo a que se chama a humanidade superior mais não é, com certeza, do que a tentativa de fundir estas duas metades da vida, a do símbolo e a da verdade, cuidadosamente separadas antes. Mas quando separamos num símbolo tudo aquilo que talvez possa ser verdadeiro do que é apenas espuma,
Quando é que as mulheres começarão a ter a intuição de que acima de todas as infidelidades se acha a da verdade, quer dizer, a fidelidade a si mesmas, e que marido, filhos e países não são nada perante isso?
A intuição, não testada e não comprovada, é uma garantia insuficiente da verdade.
Uma intuição que passa pela mente, uma boa idéia – quantos benefícios elas têm trazido à humanidade! Graças às idéias que lampejaram na mente de alguns, quantos métodos terapêuticos eficazes têm sido descobertos!
Projecto de Bodas
Hoje apetece que uma rosa seja
o coração exterior do dia
e a tua adolescência de cereja
no meu bico de Isolda cotovia.Hoje apetece a intuição dum cais
para a lucidez de não chegar a tempo
e ficarmos violetas nupciais
com a lua a celebrar o casamento.Apetece uma casa cor-de-rosa
com um galo vermelho no telhado
e os degraus duma seda vagarosa
que nunca chegue à varanda do noivado.Hoje apetece que o cigarro saiba
a ter fumado uma cidade toda.
Ser o anel onde o teu dedo caiba
e faltarmos os dois à nossa boda.Hoje apetece um interior de esponja
E como estátua a que moldar o vento.
Deitar as sortes e, se sair monja,
Navegar ao acaso o meu convento.Hoje apetece o mundo pelo modo
Como vai despenhar-se um trapezista.
Abrir mais uma flor no nosso lodo:
Pedir-lhe um salto e retirar-lhe a pista.Hoje apetece que a cor dum automóvel
Seja o Egipto de novo em movimento;
E que no espaço duma gota imóvel
Caiba a possível capital do vento.
A Imoralidade das Biografias
O génio, o crime e a loucura provêm, por igual, de uma anormalidade, representam, de diferentes maneiras, uma inadaptação ao meio. Se repousam, porém, sobre um igual fundo degenerativo, se o génio constitui, de por si, uma espécie nosográfica — são cousas que não sabemos. Manifestação especial de epilepsia larvada, como precipitadamente quis Lombroso, ou manifestação de uma diatese degenerativa, o certo é que o génio é, de sua natureza, uma anormalidade.
Sucede que a imaginação simplista das multidões não destrinça de instinto entre o que na personalidade do homem superior constitui, ou representa, superioridade, e o que nela resulta de concomitante, ou intercorrente, anormalidade psíquica, patentemente tal. No fundo, esta intuição espontânea é justa. Na personalidade tudo se liga, se inter-relaciona. Não podemos “separar”, salvo por um processo analítico conscientemente truncador da realidade, na personalidade de Goethe, por exemplo, a modalidade específica da sua ideação literária e a tendência alucinativa que, como se sabe, obriga à autoscopia externa; nem podemos separar na personalidade de Shakespeare a intuição dramática de, por ex., a inversão sexual.
Inteligência e Intuição
O instinto é simpatia. Se esta simpatia pudesse alargar o seu objecto e também reflectir sobre si mesma, dar-nos-ia a chave das operações vitais – do mesmo modo que a inteligência, desenvolvida e reeducada, nos introduz na matéria. Porque, não é de mais repeti-lo, a inteligência e o instinto estão orientados em dois sentidos opostos: aquela para a matéria inerte, este para a vida. A inteligência, por meio da ciência, que é obra sua, desvendar-nos-á cada vez mais completamente o segredo das operações físicas; da vida apenas nos dá, e não pretende aliás dar-nos outra coisa, uma tradução em termos de inércia. Gira em derredor, obtendo de fora o maior número de visões do objecto que chama até si, em vez de entrar nele. Mas é ao interior mesmo da vida que nos conduzirá a intuição, quero dizer o instinto tornado desinteressado, consciente de si mesmo, capaz de reflectir sobre o seu objecto e de o alargar indefinidamente.
Que um esforço deste género não é impossível, é o que demonstra já a existência no homem de uma faculdade estética ao lado da percepção normal. O nosso olhar apercebe os traços do ser vivo, mas justapostos uns aos outros, e não organizados entre si.
Minhas intuições se tornam mais claras ao esforço de transpô-las para palavras.
A Génese de um Poema
A maior parte dos escritores, sobretudo os poetas, preferem deixar supor que compõem numa espécie de esplêndido frenesim, de extática intuição; literalmente, gelar-se-iam de terror à ideia de permitir ao público que desse uma espreitadela por detrás da cena para ver os laboriosos e incertos partos do pensamento, os verdadeiros planos compreendidos só no último minuto, os inúmeros balbucios de ideias que não alcançaram a maturidade da plena luz, as imaginações plenamente amadurecidas e, no entanto, rejeitadas pelo desespero de as levar a cabo, as opções e as rejeições longamente ponderadas, as tão difíceis emendas e acrescentas, numa palavra, as rodas e as empenas, as máquinas para mudança de cenário, as escadas e os alçapões, o vermelhão e os postiços que em 99% dos casos constituem os acessórios do histrião literário.
(…) No que a mim diz respeito, não compartilho da repugnância de que falei e nunca senti a mínima dificuldade em rememorar a marcha progressiva de todas as minhas obras. Escolho O Corvo por ser a mais conhecida. Proponho-me demonstrar claramente que nenhum pormenor da sua composição se pode explicar pelo acaso ou pela intuição, que a obra se desenvolveu, a par e passo, até à sua conclusão com a precisão e o rigor lógico de um problema matemático.
Felicidade Divina
Digam-nos desde já: se a alma se extingue na sepultura, de onde nos vem o desejo de felicidade que nos atormenta? As nossas paixões terrenas facilmente se fartam: amor, ambição, cólera, tem uma segura plenitude de gozo; a ância de felicidade é a única que carece de satisfação como objecto, porque se não sabe o que é esta felicidade que se quer. Força é concordar que, se tudo é matéria, a natureza, neste caso enganou-se estranhamente, fez um sentimento sem aplicação.
É certo que a nossa alma deseja eternamente; apenas alcança o objecto da sua cobiça, deseja de novo; o universo inteiro não a sacia. O infinito é o campo único que lhe convém; apraz-se em desorientar-se no labirinto dos números, e conceber as máximas e as mínimas dimensões. Em fim, repleta, mas não saciada do que devorou, atira-se ao seio de Deus, onde convergem as ideias do infinito em perfeição, em tempo, e em espaço; ela, porém, não se ingolfa na Divindade senão porque essa Divindade é cheia de trevas, Deus absconditus.
Se lhe fosse clara a intuição divina, desdenha-la-ia como a tudo que está sujeito à sua compreensão. E com razão talvez; porque se a alma se explicasse ao justo o eterno princípio,
O Amor é o Elixir da Juventude
O amor é um poema. Dói e canta cá dentro. Tem a filosofia das árvores, a lição do mar, os ensinamentos que as aves recolhem quando migram para lá dos desertos, de onde hão-de regressar mais sábias e seguras. O amor é uma causa. Uma luta excessiva com a divindade dos dias e a sua fogueira obscura. Mas também contra o mistério de si mesmo, uma paz que nos dá o cansaço e a loucura infeliz da felicidade, esse primitivo terror dos sinos que tocam como um aviso aos densos nevoeiros súbitos do mar.
O amor é uma casa. Erguida com os beijos, com os versos da noite e o gemido das estrelas. Casa cujas paredes vestem o nosso júbilo, a nossa intuição, a nossa vontade, sobretudo o nosso instinto e a nossa sabedoria. Onde se acende e brilha a luz suplicante da pele comprometida dos amantes. O amor é um gigantesco pequeno mistério, uma estranha generosidade que faz com que, quanto mais damos, com mais ficamos para dar.
Só o amor é o elixir da juventude. Não esse que sempre se procurou nas indecifráveis formulas dos antigos livros de magia e de alquimia, mas aquele que está tão perto de nós que,