Quando em certos momentos da vida não encontramos saída para as nossas dificuldades, quando nos afundamos na escuridão mais densa, é o momento da nossa total humilhação e de despojamento, a hora em que sentimos que somos frágeis e pecadores.
E então, exatamente naquele momento, não devemos mascarar o nosso fracasso, mas abrirmo-nos confiantemente à esperança em Deus, como fez Jesus.
Passagens sobre Jesus
162 resultadosPodemos fazer a pergunta: «Mas quando é que me encontro com Jesus? Só no fim da vida?» Não, não! Encontramo-nos com Ele todos os dias. Mas como?
Na oração. Quando rezas, encontras-te com Jesus. Quando levas o teu filho a batizar, encontras-te com Jesus, encontras Jesus.
Por onde começar para melhorar a nossa ética quotidiana e fazê-la tornar-se uma «ética da doação»?
Por onde? Por ti e por mim! Cada qual, mais uma vez em silêncio, pergunte a si mesmo: «Se devo começar por mim. por onde começo?» Abra cada um o seu coração para que jesus lhe diga por onde começar.+
Para ouvir e acolher o chamamento de Deus, e preparar uma casa para Jesus, deveis ser capazes de repousar no Senhor. Deveis encontrar tempo, todos os dias, para repousar no Senhor, para rezar.
Rezar é repousar no Senhor.
A nossa vida é um caminho em direção ao monte do Senhor, em direção ao encontro com Jesus.
A coisa mais importante que pode acontecer a uma pessoa é encontrar Jesus.
A oração é o encontro com Deus, com o Deus que nunca desilude. Perguntava Jesus:
«Deus não fará porventura justiça aos seus eleitos; que a Ele clamam dia e noite?» (Lucas 18,7). Na oração, o crente exprime a sua fé, a sua confiança, e Deus exprime a Sua proximidade através, também, do dom dos anjos, Seus mensageiros e nossos amigos.
Devemos habituar-nos a ouvir a Palavra de Jesus no Evangelho. Ler uma passagem, refletir um pouco sobre aquilo que diz, sobre aquilo que diz a nós próprios. Devemos aprender a estar com o nosso Amigo Deus no Evangelho.
Voto de Natal
Acenda-se de novo o Presépio no Mundo!
Acenda-se Jesus nos olhos dos meninos!
Como quem na corrida entrega o testemunho,
passo agora o Natal para as mãos dos meus filhos.E a corrida que siga, o facho não se apague!
Eu aperto no peito uma rosa de cinza.
Dai-me o brando calor da vossa ingenuidade,
para sentir no peito a rosa reflorida!Filhos, as vossas mãos! E a solidão estremece,
como a casca do ovo ao latejar-lhe vida…
Mas a noite infinita enfrenta a vida breve:
dentro de mim não sei qual é que se eterniza.Extinga-se o rumor, dissipem-se os fantasmas!
O calor destas mãos nos meus dedos tão frios?
Acende-se de novo o Presépio nas almas.
Acende-se Jesus nos olhos dos meus filhos.
Dia de Natal
Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros – coitadinhos – nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?)
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente acotovela,
Sol do Meu Dia
Se eu fosse nuvem tinha imensa mágoa
Não te servindo de asas maternais
Que te pudessem abrigar da água
Que chovesse das mais!E sendo eu onda, tinha mágoa suma
Não te podendo a ti, mulher, levar
De praia em praia sobre a alva espuma,
Sem nunca te molhar!E sendo aragem eu, que pela face
Te roçasse de rijo alguma vez
Que o Senhor com mais força respirasse…
Que mágoa imensa… Vês?E a luz do teu olhar que me não luza
Um rápido momento a mim sequer,
Como a águia no ar, que passa e cruza
A terra sem na ver!Mas que me importa a mim! Se me esmagasses
Um dia aos pés o coração a mim,
As vozes que lhe ouviras, se escutasses,
Era o teu nome… sim;O teu nome gemido docemente,
Com toda a fé de um mártir em Jesus.
Se acaso já em Cristo pôs um crente
A fé que eu em ti pus!A fé, mais o amor! Porque ele expira
Sem que a ninguém lhe estale o coração;
Soneto XX
Duvidam se a escultura é mais perfeita
Ou se a pintura, que esta da cor fina
E sombras se orna, aquela mais se assina
Quanto mais desbastada e mais desfeita.Mas se ua estátua houver despois de feita
Das cores, da pintura e sombras dina,
Como obra nunca vista e perigrina,
Quão fermosa seria, e quanto aceita.Esta sois meu Jesus, onde não falta
Sombra e cor da Pintura, e de tal sorte
Que à escultura sereis novo modelo:Disfeita a carne, o sangue vos esmalta
Sombras, sobre as de açoutes, as da morte
E sobre tudo, sobre todos belo.
Uma Certa Quantidade
Uma certa quantidade de gente à procura
de gente à procura duma certa quantidadeSoma:
uma paisagem extremamente à procura
o problema da luz (adrede ligado ao problema da vergonha)
e o problema do quarto-atelier-aviãoEntretanto
e justamente quando
já não eram precisos
apareceram os poetas à procura
e a querer multiplicar tudo por dez
má raça que eles têm
ou muito inteligentes ou muito estúpidos
pois uma e outra coisa eles são
Jesus Aristóteles Platão
abrem o mapa:
dói aqui
dói acoláE resulta que também estes andavam à procura
duma certa quantidade de gente
que saía à procura mas por outras bandas
bandas que por seu turno também procuravam imenso
um jeito certo de andar à procura deles
visto todos buscarem quem andasse
incautamente por ali a procurarQue susto se de repente alguém a sério encontrasse
que certo se esse alguém fosse um adolescente
como se é uma nuvem um atelier um astro
Nem Jesus Cristo, quando veio à Terra, se propôs resolver o problema particular de alguém. Ele se limitou a nos ensinar o caminho, que necessitamos palmilhar por nós mesmos.
Pecador Endurecido
Se por segredo oculto, alto destino
Da próvida, admirável natureza,
Do diamante lavrar pode a dureza
O sangue do cordeiro peregrino,Lavrar deveis meu peito diamantino,
Amante Deus, pois somos nesta empresa,
Eu, um retrato vivo da fereza,
Vós, da brandura um exemplar divino.Firme esperança de remédio posso
Ter, meu Jesus, notando-vos amante,
Por mais que o peito se resista inteiro.Lavrai meu peito com o sangue vosso,
Pois é meu peito, peito de diamante,
E vosso sangue é sangue de cordeiro.
Último Sonho De “soror Saudade
Àquele que se perdera no caminho…
Soror Saudade abriu a sua cela…
E, num encanto que ninguém traduz,
Despiu o manto negro que era dela,
Seu vestido de noiva de Jesus.E a noite escura, extasiada, ao vê-la,
As brancas mãos no peito quase em cruz,
Teve um brilhar feérico de estrela
Que se esfolhasse em pétalas de luz!Soror Saudade olhou…Que olhar profundo
Que sonha e espera?…Ah! como é feio o mundo,
E os homens vãos! — Então, devagarinho,Soror Saudade entrou no seu convento…
E, até morrer, rezou, sem um lamento,
Por Um que se perdera no caminho!…
Jesus faz milagres e dá, o homem não faz milagres e vende.
Hino de Amor
Andava um dia
Em pequenino
Nos arredores
De Nazaré,
Em companhia
De São José,
O bom Jesus,
O Deus Menino.Eis senão quando
Vê num silvado
Andar piando
Arrepiado
E esvoaçando
Um rouxinol,
Que uma serpente
De olhar de luz
Resplandecente
Como a do Sol,
E penetrante
Como diamante,
Tinha atraído,
Tinha encantado.
Jesus, doído
Do desgraçado
Do passarinho,
Sai do caminho,
Corre apressado,
Quebra o encanto,
Foge a serpente,
E de repente
O pobrezinho,
Salvo e contente,
Rompe num canto
Tão requebrado,
Ou antes pranto
Tão soluçado,
Tão repassado
De gratidão,
De uma alegria,
Uma expansão,
Uma veemência,
Uma expressão,
Uma cadência,
Que comovia
O coração!
Jesus caminha
No seu passeio,
E a avezinha
Continuando
No seu gorjeio
Enquanto o via;
De vez em quando
Lá lhe passava
A dianteira
E mal poisava,
Não afroixava
Nem repetia,
Que redobrava
De melodia!
Coma e se embriague com Baco, ou mastuigue pão seco com Jesus, mas não fique sentado sem um dos deuses.
Natal
Mais uma vez, cá vimos
Festejar o teu novo nascimento,
Nós, que, parece, nos desiludimos
Do teu advento!Cada vez o teu Reino é menos deste mundo!
Mas vimos, com as mãos cheias dos nossos pomos,
Festejar-te, — do fundo
Da miséria que somos.Os que à chegada
Te vimos esperar com palmas, frutos, hinos,
Somos — não uma vez, mas cada —
Teus assassinos.À tua mesa nos sentamos:
Teu sangue e corpo é que nos mata a sede e a fome;
Mas por trinta moedas te entregamos;
E por temor, negamos o teu nome.Sob escárnios e ultrajes,
Ao vulgo te exibimos, que te aclame;
Te rojamos nas lajes;
Te cravejamos numa cruz infane.Depois, a mesma cruz, a erguemos,
Como um farol de salvação,
Sobre as cidades em que ferve extremos
A nossa corrupção.Os que em leilão a arrematamos
Como sagrada peça única,
Somos os que jogamos,
Para comércio, a tua túnica.Tais somos, os que, por costume,
Vimos, mais uma vez,
O Caminho de um Criador
Creio que tem havido sempre na nossa terra uma descabida preocupação canónica à ilharga de cada artista. Interessa mais ao zelo nacional averiguar se um poeta morreu sacramentado, do que ler os seus versos. Ninguém quer saber se o caminho de um criador o leva à morada das musas e da beleza; espreita-se da janela, mas é para ver se ele vai à missa. Ora isto é de analfabetos, de pessoas que verdadeiramente não sabem nem querem saber do valor de um poema, do mundo de liberdade e de independência que ele encerra. E uma gente assim não me convém, nem tão-pouco o Deus intolerante que servem. Por isso me vou divertindo com as minhas divindades naturais, luciferinamente, certo de que o diabo é ainda uma grande companhia. Foi a ele que Jesus disse que o seu reino não era deste mundo. E o meu, precisamente, é.