Eu sempre achei que o paraíso era como uma livraria.
Passagens de Jorge Luis Borges
126 resultadosO livro é uma extensão da memória e da imaginação.
A lua nova. Ela também a olha de outra porta.
Por vezes à noite há um rosto
Que nos olha do fundo de um espelho
E a arte deve ser como esse espelho
Que nos mostra o nosso próprio rosto.
Democracia: é uma crendice muito difundida, um abuso da estatística.
Tome cuidado ao eleger seus inimigos pois pode terminar parecendo-se com eles.
As Causas
Todas as gerações e os poentes.
Os dias e nenhum foi o primeiro.
A frescura da água na garganta
De Adão. O ordenado Paraíso.
O olho decifrando a maior treva.
O amor dos lobos ao raiar da alba.
A palavra. O hexâmetro. Os espelhos.
A Torre de Babel e a soberba.
A lua que os Caldeus observaram.
As areias inúmeras do Ganges.
Chuang Tzu e a borboleta que o sonhou.
As maçãs feitas de ouro que há nas ilhas.
Os passos do errante labirinto.
O infinito linho de Penélope.
O tempo circular, o dos estóicos.
A moeda na boca de quem morre.
O peso de uma espada na balança.
Cada vã gota de água na clepsidra.
As águias e os fastos, as legiões.
Na manhã de Farsália Júlio César.
A penumbra das cruzes sobre a terra.
O xadrez e a álgebra dos Persas.
Os vestígios das longas migrações.
A conquista de reinos pela espada.
A bússola incessante. O mar aberto.
O eco do relógio na memória.
O rei que pelo gume é justiçado.
O incalculável pó que foi exércitos.
Dá o santo aos cães, atira as tuas pérolas aos porcos; o que importa é dar.
Disseram-me algo a tarde e a montanha. Já não lembro mais.
A memória é o essencial, visto que a literatura está feita de sonhos e os sonhos fazem-se combinando recordações.
A ociosa espada sonha com suas batalhas. Outro é meu sonho.
Em vão espero as desintegrações e os símbolos que precedem ao sonho
Sobre pedra não se edifica nada. Sobre areia, tudo. É nosso dever edificar como se areia fosse pedra.
Há aqueles que não podem imaginar o mundo sem pássaros; Há aqueles que não podem imaginar o mundo sem água; Ao que me refere, sou incapaz de imaginar um mundo sem livros.
Em Memória de Angélica
Quantas vidas possíveis já descansam
Nesta bem pobre e diminuta morte,
Quantas vidas possíveis que outra sorte
Daria ao esquecimento ou à lembrança!Quando eu morrer, morrerá um passado;
Com esta flor, morreu só um futuro
Nas águas que o ignoram, o mais puro
Porvir hoje pios astros arrasado.Eu, como ela, morro em infinitos
Destinos que já não me oferece o acaso;
Procura a minha sombra os gastos mitosDe uma pátria que sempre deu a face.
Um breve mármore diz a sua memória;
Sobre nós todos cresce, atroz, a história.
Penso que as Palavras essenciais que me expressam se encontram nessas folhas que nem sabem quem sou.
Não cultivei minha fama, que será efêmera.
Sob o alpendre o espelho copia somente a lua.
Chega-se a ser grande por aquilo que se lê e não por aquilo que se escreve.
A morte é uma vida vivida. A vida é uma morte que vem.