Baby!
Baby! Sossega a tua voz. NĂŁo digas mais
Essas cançÔes do Mundo. Deixa que eu esqueço
Que fui menino ao colo de seus pais.
Deixa! Que o coração em si mesmo o adormeço…Com olhos de criança olho os desiguais
Dias e nuvens, sĂłs, passando, e empalideço…
Canto de Prometeu todo desfeito em ais!
E a vida, a vida atĂ©, brinquedo que aborreço…Mundo dos meus enganos como a desventura!
ExperiĂȘncia, – pobre fumo! Anela o meu cabelo
E pĂ”e-me o bibe azul e antigo da Ternura…Que a vida, essa Babel desfeita que se embala,
ainda Ă© para mim – criança de Deus, pesadelo
Da infĂąncia das fanfarras, fogo de Bengala!
Passagens de LuĂs de Montalvor
3 resultadosInfante
DĂĄ-me o sol a minha fronte. Doloridos
e chagados meus pĂ©s descalços vĂŁo fugindo…
– MemĂłrias dos meus doidos passos incontidos!
– Ă meu rumor do mundo em pĂ©talas abrindo!Ă corças que correis pela tarde desferindo
o balido ligeiro que alonga os ouvidos…
– Tarde de Ă©cloga e mel silvestre reluzindo…
– Minhas vinhas de vinhos de oiro nĂŁo bebidos…Desfolham-se ilusĂ”es e vĂŁo-se sem apegos…
Murchou a flor dos meus desejos com que pude
a vida transformar em Ăłcios e sossegos…Que lucrei, eu, Senhor! com horas execrĂĄveis
dum sonho que perdeu meu corpo de virtude?
– o prĂłdigo que fui dos erros inefĂĄveis!
Entardecer
Sol-posto ungindo o mar: incensos de ouro!
Recolhe funda a tarde em sonho e mĂĄgoa.
Surdina fluida: anda o silĂȘncio a orar â
E hĂĄ crepĂșsculos de asas e, na ĂĄgua,
O céu é mårmore extåtico a cismar!E nas faces marmóreas dos rochedos
Esboçam-se perfis,
– CintilaçÔes,
Penumbra de segredos!à painéis de nuvens sobre a terra,
Ogivas delirantes
Na ĂĄgua refractandoâŠ
Encheis de sombra o mar de espumas rasas,
Iniciando
A hora pĂąnica das asas!E, Ă meia luz da tarde,
Na areia requeimada,
SĂŁo vultos sonolentos
As proas dos naviosâŠĂ tristeza dos balĂ”es
Iluminando,
Na ĂĄgua prateada,
Os pegos e baixiosâŠDormentes constelaçÔes
Que, em fundos lacustres
E musgosos,
Pondes reverberaçÔes
Em nossos olhos ansiosos.Ă tardes de aquĂĄtico esplendor,
Descendo em meu olhar!Num sonho de regresso,
Numa Ăąnsia de voltar,
Em mim todo me esqueço
E fico-me a cismar.A tarde Ă© toda um sonho moribundo.
Ă jĂĄ olor da cor que amorteceu.