No meu caso, a literatura é uma espécie de vingança. É algo que me dá aquilo que a vida real não me pode dar – todas as aventuras, todo o sofrimento. Todas as experiências que eu só posso viver na na imaginação, a literatura completa-as.
Passagens de Mario Vargas Llosa
20 resultadosNão podemos ensinar a criatividade – como se tornar um bom escritor. Mas podemos ajudar um jovem escritor a descobrir, dentro de si próprio, que tipo de escritor ele gostaria de ser.
A literatura não é algo que nos faça felizes, mas ajuda-nos a defendermo-nos da infelicidade.
Bateram na porta, dona Lucrecia foi abrir e, encolhida no vão, junto com o fundo das árvores retorcidas e esbranquiçadas do Olivar de San Isidro, viu a cabeça de cachos dourados e os olhos azuis de Fonchito.
[Os Sertões] é um dos prodígios narrativos deste século.
É mais fácil imaginar a morte de uma pessoa que de cem ou mil… multiplicado, o sofrimento torna-se abstracto. Não é fácil a comoção por coisas abstractas.
Um público comprometido com a leitura é crítico, rebelde, inquieto, pouco manipulável e não crê em lemas que alguns fazem passar por idéias.
A revolução irá libertar a sociedade das suas aflições, enquanto que a ciência irá libertar o indivíduo das suas.
Não há a menor dúvida de que a Venezuela se aproxima de uma ditadura comunista.
A incerteza é uma margarida cujas pétalas nunca acabam de desfolhar.
Só um idiota pode ser totalmente feliz.
É fácil saber o que queremos dizer, o que é difícil é dizê-lo.
No embrião de todos os romances, bule uma inconformidade, late um desejo.
Os escritores são os exorcistas dos seus próprios demónios.
O segredo da felicidade, ou, pelo menos, da tranquilidade, é saber separar o sexo do amor. E, se for possível, eliminar o amor romântico da nossa vida, que é o que faz sofrer. Assim vive-se mais sossegado e goza-se mais, garanto-te.
O álcool e uma dieta pobre também são grandes assassinos. Deve o governo regular o que vai à nossa mesa? A perseguição à indústria do fumo pode parecer justa, mas pode também ser o começo do fim para a liberdade.
Algo anda mal na cultura de um país se os seus artistas, em lugar de se proporem mudar o mundo e revolucionar a vida, se empenham em alcançar protecção e subsídios do governo.
A memória é uma armadilha, pura e simples, que altera, e subtilmente reorganiza o passado, por forma a encaixar-se no presente.
Os verdadeiros artistas e criadores constituem sempre contra-governos, governos nas sombras a partir das quais vão impugnando as certezas, as retóricas, as ficções ou verdades oficiais e recordando, no que pintam, compõem, interpretam ou fabulam que, contrariamente ao que sustém o poder, o mundo vai muito mal, e que a vida real estará sempre abaixo dos sonhos e dos desejos humanos.
Escreve-se para preencher vazios, para fazer separações contra a realidade, contra as circunstâncias.