Deveres Virtuosos
Os nossos hábitos tornam-se virtudes graças a uma transposição livre no domínio do dever, pelo facto de trazermos a inviolabilidade nos conceitos; os nossos hábitos tornam-se virtudes pelo facto de acharmos menos importante o bem particular que a sua inviolabilidade – por consequência pelo sacrifício do indivíduo ou pelo menos pela possibilidade entrevista de um tal sacrifício. – Quando o indivíduo se considera pouco importante começa o domínio das virtudes e das artes – o nosso mundo metafísico. O dever seria particularmente puro se na essência das coisas nada correspondesse ao facto moral.
Passagens sobre Moral
498 resultadosO Papel Mais Belo
A mulher solteira que vive sem família, ou tendo de sustentar a família, acho que devem ser dadas todas as facilidades legais para prover ao seu sustento e ao sustento dos seus. Mas à mulher casada, como o homem casado, é uma coluna da família, base indispensável duma obra de reconstrução moral. Dentro do lar, claro está, a mulher não é uma escrava. Deve ser acarinhada, amada e respeitada, porque a sua função de mãe, de educadora dos seus filhos, não é inferior à do homem. Nos países ou nos lugares onde a mulher casada concorre com o trabalho do homem – nas fábricas, nas oficinas, nos escritórios, nas profissões liberais – a instituição da família, pela qual nos batemos como pedra fundamental duma sociedade bem organizada, ameaça ruína… Deixemos, portanto, o homem a lutar com a vida no exterior, na rua… E a mulher a defendê-la, a trazê–la nos seus braços, no interior da casa… Não sei, afinal, qual dos dois terá o papel mais belo, mais alto e mais útil…
Para a política o homem é um meio; para a moral é um fim. A revolução do futuro será o triunfo da moral sobre a política.
O professor deve sempre aparecer ao seu discípulo como uma pessoa de cultura perfeita; por cultura perfeita entenderemos tudo o que pode contribuir para lhe dar uma base moral inabalável, sem subserviências nem compromissos.
A Força e a Moral
O homem constata o facto natural de um lobo poder devorar uma ovelha, pois que o lobo obedece ao seu apetite e é dotado da força necessária para satisfazê-lo. Mas o homem não se limita a essa constatação elementar, ao alcance de qualquer animal inferior. Ele reconhece também que está no seu poder impedir que a ovelha seja devorada pelo lobo. A moral é, justamente, a soma de conquistas obtidas pelo homem sobre a tirania dos seus instintos. Se a força constituísse para o homem um imperativo categórico, não haveria tentativas de resistência contra a força.
Ainda que perdoemos aos maus, a ordem moral não lhes perdoa, e castiga a nossa indulgência.
A educação, se bem compreendida é a chave do progresso moral.
Duas coisas povoam a mente com uma admiração e respeito sempre novos e crescentes…o céu estrelado por cima e a lei moral dentro de nós.
O Amor é a Mais Forte das Paixões
Por que é que gozamos com cada nova beleza que descobrimos no que amamos? Porque cada nova beleza nos dá a inteira e total satisfação de um desejo. Se a queremos sensível ela será sensível. Se em seguida a queremos orgulhosa como a Émilie de Corneille, embora estas duas qualidades sejam provavelmente incompatíveis, ela aparece imediatamente com uma alma romana. É esta a razão moral porque o amor é a mais forte das paixões. Nas outras, os desejos têm que se acomodar às tristes realidades; nesta, são as realidades que se apressam a identificar-se com os desejos; ela é, portanto, a paixão em que os desejos violentos têm uma maior realização.
Em qualquer nação que atingiu um alto grau de civilização, ou de bondade moral, a guerra, para ser honrosa, deve ser defensiva.
Para responder, desde agora e sumariamente, à questão formulada no título deste opúsculo, nós diremos que: O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, ele compreende todas as conseqüências morais que decorrem dessas relações.
Reconhece-se o verdadeiro espírita por sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar as más inclinações.
O Que Liga os Homens na Vida
O que mais estreitamente liga os homens na vida não são forças puras e generosas. Se assim fosse, não se teria queimado nem ofendido tanta gente superior que andou no mundo. O óptimo moral e intelectual da humanidade é um compromisso entre o bom e o mau, entre o limpo e o sujo, entre a Quaresma e o Carnaval. Por isso, quem traz uma chama limpa a alumiá-lo, e teima em segui-la, não pode ser entendido nem tolerado por aqueles que ou não precisam de luz, como as toupeiras, ou se remedeiam com um simples morrão de candeia.
É certo que os calendários civis e religiosos apenas perpetuam heróis e santos. Mas, olhando bem, vê-se que é sempre a mesma história. Queima-se ou crucifica-se primeiro o herói ou o santo, joga-se aos dados a sua túnica, e, quando dele não resta nem a sombra das cinzas, aparece um centurião qualquer a dizer: «Verdadeiramente este homem era filho de Deus».
A melhor moral existe quando você nunca ouve falar na palavra. Quando a moral é muito mencionada, anda péssima.
A moral, ciência que pressupõe o conhecimento das demais ciências, é o supremo grau da sabedoria.
Se o mundo não conhece um longo período de idealismo, de espiritualismo, de virtudes cívicas e morais, não me parece que seja possível ultrapassar as dificuldades do nosso tempo.
Escarrar de um abismo noutro abismo, Mandando ao Céu o fumo de um cigarro, Há mais filosofia neste escarro Do que em toda a moral do cristianismo!
A força de um exército, como a energia em mecânica, é obtida multiplicando-se a massa pela velocidade, a marcha rápida aumenta o moral da tropa, e assim há muitas chances para vitória.
Moralidade e Felicidade
A felicidade é o estado em que se encontra no mundo um ser racional para quem, em toda a sua existência, tudo decorre conforme o seu desejo e a sua vontade; pressupõe, por consequência, o acordo da natureza com todo o conjunto dos fins deste ser, e simultaneamente com o fundamento essencial de determinação da sua vontade. Ora a lei moral, como lei da liberdade, obriga por meio de fundamentos de determinação, que devem ser inteiramente independentes da natureza e do acordo dela com a nossa faculdade de desejar (como motor). Porém, o ser agente racional que actua no mundo não é simultaneamente causa do mundo e da própria natureza. Assim, pois, na lei moral não há o menor fundamento para uma conexão necessária entre a moralidade e a felicidade, com ela proporcionada, num ser que, fazendo parte do mundo, dele depende; este ser, precisamente por isso, não pode ser voluntariamente a causa desta natureza nem, no que à felicidade respeita, fazer com que, pelas suas próprias forças, coincida perfeitamente com os seus próprios princípios práticos.
E, todavia, no problema prático que a razão pura nos prescreve, isto é, na prossecução do soberano bem, tal acordo é postulado como necessário: devemos procurar realizar o soberano bem,
Moral Vazia
O que nós chamamos a moral não passa de um empreendimento desesperado dos nossos semelhantes contra a ordem universal, que é a luta, a carnificina e o jogo cego de forças contrárias.
(…) Cada época tem a sua moral dominante, que não resulta nem da religião nem da filosofia, mas do hábito, única força capaz de reunir os homens num mesmo sentimento, pois tudo o que é sujeito ao raciocínio divide-os; e a humanidade só subsiste com a condição de não reflectir sobre aquilo que é essencial para a sua existência.
(…) A moral é a ciência dos costumes, e com eles muda. Ela difere de país para país e em nenhum lugar permanece a mesma no espaço de dez anos.