Passagens sobre Ninguém

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Frases sobre ninguém, poemas sobre ninguém e outras passagens sobre ninguém para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Os meus males ninguĂ©m mos adivinha… A minha Dor nĂŁo fala, anda sozinha… Dissesse ela o que sente! Ai quem me dera!… Os males de Anto toda a gente sabe! Os meus… ninguĂ©m… A minha Dor nĂŁo cabe nos cem milhões de versos que eu fizera!…

A diferença entre sexo e morte é que com a morte você pode fazê-lo sozinho e ninguém irá rir de você.

A Culpa é uma Doença

A culpa é uma doença que te arrasta e se alastra aos outros. De um momento para o outro, tu próprio, por habituação, culpasse por tudo e por nada, por situações em que podias ter feito melhor e por outras em que nada havia a fazer. Muitos de nós residem no condomínio da culpa. É essa a sua zona de conforto, pois foi a ela que se acostumaram e não conhecem nada para lá dos limites dessa emoção. Depois é a altura de eles ensinarem aos outros que somos todos culpados à vez, passam o testemunho do pecado aos conhecidos, familiares, amigos e filhos e, pronto, cá andamos todos num ciclo penoso de geração em geração.
Há solução? Claro! Há sempre solução para tudo.
É preponderante viver com a convicção de que apenas somos culpados de alguma coisa se agirmos com intenção de magoar, caso contrário somos apenas responsáveis. Não, não é a mesma coisa. A culpa sufoca-nos, a responsabilidade empurra-nos para a ação e promove a mudança.
De que forma, entĂŁo, posso eu parar este ciclo vicioso?
– NĂŁo permitindo que te considerem culpado seja do que for e se insistirem em fazĂŞ-lo expulsa essas pessoas da tua vida.

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O Socorro

Ele foi cavando, foi cavando, cavando, pois sua profissĂŁo – coveiro – era cavar. Mas, de repente, na distracção do ofĂ­cio que amava, percebeu que cavara de mais. Tentou sair da cova e nĂŁo conseguiu. Levantou o olhar para cima e viu que, sozinho, nĂŁo conseguiria sair. Gritou. NinguĂ©m atendeu. Gritou mais forte. NinguĂ©m veio. Enlouqueceu de gritar, cansou de esbravejar, desistiu com a noite. Sentou-se no fundo da cova, desesperado. A noite chegou, subiu, fez-se o silĂŞncio das horas tardas. Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, nĂŁo se ouvia mais um som humano, embora o cemitĂ©rio estivesse cheio dos pipilos e coaxares naturais dos matos. SĂł pouco depois da meia-noite Ă© que lá vieram uns passos. Deitado no fundo da cova o coveiro gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabeça Ă©bria apareceu lá em cima, perguntou o que havia: «O que Ă© que há?»
O coveiro entĂŁo gritou, desesperado: «Tire-me daqui, por favor. Estou com um frio terrĂ­vel!». «Mas coitado!» – condoeu-se o bĂŞbado. – «Tem toda razĂŁo de estar com frio.
Alguém tirou a terra toda de cima de você, meu pobre mortinho!». E, pegando na pá, encheu-a de terra e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente.

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Viverás, que da Pena a Força Emana

Ou pra fazer-te o epitáfio vivo,
ou vives mais e a terra me apodrece.
Tua memĂłria a morte deste arquivo
nĂŁo tira, mas de mim o resto esquece.

Aqui terá o teu nome imortal gala,
indo eu, hei-de ficar do mundo oculto,
sĂł pode dar-me a terra comum vala,
no olhar dos homens tu serás sepulto.

Meus versos monumento te serĂŁo
que hĂŁo-de ler e reler olhos a vir
e as lĂ­nguas a haver repetirĂŁo

o que és, quando já ninguém respire.
Viverás, que da pena a força emana,
onde o sopro mais sopra, em boca humana.

Canção do Verdadeiro Abandono

Podem todos rir de mim,
podem correr-me Ă  pedrada,
podem espreitar-me Ă  janela
e ter a porta fechada.

Com palavras de ilusĂŁo
não me convence ninguém.
Tudo o que guardo na mĂŁo
não tem vislumbres de além.

NĂŁo sou irmĂŁ das estrelas,
nem das pombas nem dos astros.
Tenho uma dor consciente
de bicho que sofre as pedras
e se desloca de rastos.

Fala do Homem Nascido

(Chega Ă  boca da cena, e diz:)

Venho da terra assombrada,
do ventre de minha mĂŁe;
nĂŁo pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.

SĂł quero o que me Ă© devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.

Trago boca para comer
e olhos para desejar.
Com licença, quero passar,
tenho pressa de viver.
Com licença! Com licença!
Que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo;
nĂŁo tenho tempo a perder.

Minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte;
meu desejo Ă© passaporte
para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem,
correntes que me detenham.

Quero eu e a Natureza,
que a Natureza sou eu,
e as forças da Natureza
nunca ninguém as venceu.

Com licença! Com licença!
Que a barca se fez ao mar.
Não há poder que me vença.
Mesmo morto hei-de passar.
Com licença!

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Cada Leitura Ă© Ăšnica

Muitos autores sĂŁo ao mesmo tempo os seus prĂłprios leitores – Ă  medida que escrevem -, e Ă© por isso que tantos vestĂ­gios do leitor aparecem nos seus escritos – tantas observações crĂ­ticas – tanto que pertence Ă  provĂ­ncia do leitor e nĂŁo Ă  do autor. Travessões – palavras em maiĂşsculas – passagens grifadas – tudo isso pertence Ă  esfera do leitor. O leitor põe a ĂŞnfase como tem vontade – ele de facto faz de um livro o que deseja. NĂŁo Ă© todo o leitor um filĂłlogo? NĂŁo existe uma Ăşnica leitura válida somente, no sentido usual. A leitura Ă© uma operação livre. NinguĂ©m me pode prescrever como e o que lerei.

Todas as espécies de inclinações, de amizades, de amor são, simultaneamente, fisiológicas. Ninguém entre nós consegue saber quais as profundezas e quais as alturas que a realidade física atinge.

É errado quando acreditas em cada um, mas também é errado quando não acreditas em ninguém.

Praticamente nĂŁo existe palavra nos dias de hoje que se tenha usado tĂŁo mal como a palavra ”livre” … NĂŁo confio nela porque ninguĂ©m quer a liberdade para todos; todos a querem para si.

Mas, no meio de tudo isso, também observou que ninguém respondia às galanterias de Porthos. Eram apenas quimeras e ilusões. Mas, para um amor verdadeiro, para um ciúme real, haverá outra realidade além de quimeras e ilusões?

As pessoas podem fazer o que quiserem, mas ninguĂ©m liga ao que elas fazem. Para os portugueses sĂł interessa a cara que tĂŞm. Pode ser-se arquitecto mas se calha ter «cara de quem nunca fez um desenho na vida» está lixado. Pode nunca ter provado uma pinga de vinho na vida mas se alguĂ©m afirma que Ă© alcoĂłlico e há outro que diz «Tem cara disso…» pode considerar-se bĂŞbado para todos os efeitos. Pode ser a pessoa mais amistosa e gregária do mundo, mas se tem «cara de pouco amigos» toda a gente foge dele.

Estás Só

Estás só. Ninguém o sabe. Cala e finge.
Mas finge sem fingimento.
Nada ‘speres que em ti já nĂŁo exista,
Cada um consigo Ă© triste.
Tens sol se há sol, ramos se ramos buscas,
Sorte se a sorte Ă© dada.

Conta Comigo Sempre

Conta comigo sempre. Desde a sílaba inicial até à última gota de sangue. Venho do silêncio incerto do poema e sou, umas vezes constelação e outras vezes árvore, tantas vezes equilíbrio, outras tantas tempestade. A nossa memória é um mistério, recordo-me de uma música maravilhosa que nunca ouvi, na qual consigo distinguir com clareza as flautas, os violinos, o oboé.
O sonho é, e será sempre e apenas, dos vivos, dos que mastigam o pão amadurecido da dúvida e a carne deslumbrada das pupilas. Estou entre vazios e plenitudes, encho as mãos com uma fragilidade que é um pássaro sábio e distraído que se aninha no coração e se alimenta de amor, esse amor acima do desejo, bem acima do sofrimento.
Conta comigo sempre. Piso as mesmas pedras que tu pisas, ergo-me da face da mesma moeda em que te reconheço, contigo quero festejar dias antigos e os dias que hão-de vir, contigo repartirei também a minha fome mas, e sobretudo, repartirei até o que é indivisível. Tu sabes onde estou.
Sabes como me chamo. Estarei presente quando já mais ninguém estiver contigo, quando chegar a hora decisiva e não encontrares mais esperança, quando a tua antiga coragem vacilar.

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