Passagens sobre Padres

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Às vezes no amor ilícito está toda a pureza do corpo e alma, não abençoado por um padre, mas abençoado pelo próprio amor.

Respondiam-lhe que durante muitos anos tinham ficado sem padre, arranjando os negĂłcios da alma diretamente com Deus, e haviam perdido a malĂ­cia do pecado mortal.

Enterro de Ophelia

Morreu, Vae a dormir, vae a sonhar… Deixal-a!
(Fallae baixinho: agora mesmo se ficou…)
Como padres orando, os choupos formam ala,
Nas margens do ribeiro onde ella se afogou…

Toda de branco vae, n’esse habito de opala,
Para um convento: nĂŁo o que o Hamlet lhe indicou,
Mas para um outro, horror! que tem por nome Valla,
D’onde jamais saiu quem, lá, uma vez entrou!…

O lindo Por-do-Sol, que era doido por ella,
Que a perseguia sempre, em palacio e na rua,
Vede-o, coitado! mal pode suster a vela…

Como damas de honor, nymphas seguem-lhe os rastros,
E, assomando no céu, sua Madrinha, a Lua,
Por ella vae desfiando as suas contas, Astros!

NĂŁo Creio nesse Deus

I

NĂŁo sei se Ă©s parvo se Ă©s inteligente
— Ao disfrutares vida de nababo
Louvando um Deus, do qual te dizes crente,
Que te livre das garras do diabo
E te faça feliz eternamente.

II

NĂŁo vĂŞs que o teu bem-estar faz d’outra gente
A dor, o sofrimento, a fome e a guerra?
E tu nĂŁo queres p’ra ti o cĂ©u e a terra..
— Não te achas egoísta ou exigente?

III

NĂŁo creio nesse Deus que, na igreja,
Escuta, dos beatos, confissões;
NĂŁo posso crer num Deus que se maneja,
Em troca de promessas e orações,
P’ra o homem conseguir o que deseja.

IV

Se Deus quer que vivamos irmĂŁmente,
Quem cumpre esse dever por que receia
As iras do divino padre eterno?…
P’ra esses Ă© o cĂ©u; porque o inferno
É p’ra quem vive a vida Ă  custa alheia!

A Esperança é o Bordão da Vida

A esperança é o bordão da vida. Há uma coisa do Padre Vieira, muito bonita, em que ele fala do Non. Terrível palavra é o non, de qualquer lado por onde se pegue, é sempre Non – isto aparece no meu filme “Non ou a vã glória de mandar”, dito por esse grande actor, o Ruy de Carvalho. A última palavra do Vieira sobre Non é: “O Non tira a esperança, que é a última coisa que a natureza deixou ao homem”. Sem esperança não se pode viver.

[A esperança e o desejo são o que nos impele a fazer, prosseguir. Mas não é supremamente difícil mantê-los vivos?]

O desejo não nos impele para existir. O desejo impele para a continuidade da espécie. O que nos impele à existência é o que diz o maia, “come para viveres”, e isso é a fome. A fome é o que nos garante a subsistência. Se não tivéssemos fome, não comíamos, não comendo, não sobrevivíamos. Se não tivéssemos o desejo, não teríamos a relação sexual e a relação sexual é que garante a continuidade da espécie. O desejo é uma coisa, a fome é outra. São os dois para a continuidade: um para a continuidade do indivíduo,

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Essas injúrias passavam despercebidas tanto pelo padre como pelo corcunda. Quasímodo era surdo demais e Cláudio pensador demais.

A Minha Lista dos Grandes Autores

Uma revista espanhola teve a ideia de pedir a uns quantos escritores que elaborassem a sua árvore genealógica literária, isto é, a que outros autores consideravam eles como avoengos seus, directos ou indirectos, excluindo-se do inventado parentesco, obviamente, qualquer presunção de relações ou equivalências de mérito que a realidade, pelo menos no meu caso, logo se encarregaria de desmentir. Também se pedia que, em brevíssimas palavras, fosse dada a justificação dessa espécie de adopção ao contrário, em que era o «descendente» a escolher o «ascendente». A cada escritor consultado foi entregue o desenho de uma árvore com onze molduras dispersas pelos diferentes ramos, onde suponho que hão-de vir a aparecer os retratos dos autores escolhidos. A minha lista, com a respectiva fundamentação, foi esta: Luís de Camões, porque, como escrevi no «Ano da Morte de Ricardo Reis», todos os caminhos portugueses a ele vão dar; Padre António Vieira, porque a língua portuguesa nunca foi mais bela que quando ele a escreveu; Cervantes, porque sem ele a Península Ibérica seria uma casa sem telhado; Montaigne, porque não precisou de Freud para saber quem era; Voltaire, porque perdeu as ilusões sobre a humanidade e sobreviveu a isso; Raul Brandão, porque demonstrou que não é preciso ser-se génio para escrever um livro genial,

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Convém ter uma religião e não crer nos padres, assim como convém fazer um regime e não crer nos médicos.

Vazias as veias, o nosso sangue se arrefece, indispostos ficamos desde cedo, incapazes de dar e de perdoar. Mas quando enchemos os canais e as calhas de nosso sangue com comida e vinho, fica a alma muito mais maleável do que durante esses jejuns de padre.

A infidelidade Ă©, na mulher, o que Ă© no padre a incredulidade – a Ăşltima baliza das prevaricações humanas.

A vaidade é uma doença espiritual muito grave.  É significativo que os Padres do Deserto tenham dito que a vaidade é uma tentação contra a qual devemos lutar toda a vida, porque volta sempre para nos roubar a verdade.

Os Comunistas

… Passaram bastantes anos desde que ingressei no Partido… Estou contente… Os comunistas constituem uma boa famĂ­lia… TĂŞm a pele curtida e o coração valoroso… Por todo o lado recebem pauladas… Pauladas exclusivamente para eles… Vivam os espiritistas, os monárquicos, os aberrantes, os criminosos de vários graus… Viva a filosofia com fumo mas sem esqueletos… Viva o cĂŁo que ladra e que morde, vivam os astrĂłlogos libidinosos, viva a pornografia, viva o cinismo, viva o camarĂŁo, viva toda a gente menos os comunistas… Vivam os cintos de castidade, vivam os conservadores que nĂŁo lavam os pĂ©s ideolĂłgicos há quinhentos anos… Vivam os piolhos das populações miseráveis, viva a força comum gratuita, viva o anarco-capitalismo, viva Rilke, viva AndrĂ© Gide com o seu coribantismo, viva qualquer misticismo… Tudo está bem… Todos sĂŁo herĂłicos… Todos os jornais devem publicar-se… Todos devem publicar-se, menos os comunistas… Todos os polĂ­ticos devem entrar em SĂŁo Domingos sem algemas… Todos devem festejar a morte do sanguinário Trujillo, menos os que mais duramente o combateram… Viva o Carnaval, os derradeiros dias do Carnaval… Há disfarces para todos… Disfarces de idealistas cristĂŁos, disfarces de extrema-esquerda, disfarces de damas beneficentes e de matronas caritativas… Mas, cuidado, nĂŁo deixem entrar os comunistas…

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Noite Trágica

O pavor e a angĂşstia andam dançando…
Um sino grita endechas de poentes…
Na meia-noite d´hoje, soluçando,
Que presságios sinistros e dolentes!…

Tenho medo da noite!… Padre nosso
Que estais no cĂ©u… O que minh´alma teme!
Tenho medo da noite!… Que alvoroço
Anda nesta alma enquanto o sino geme!

Jesus! Jesus, que noite imensa e triste!
A quanta dor a nossa dor resiste
Em noite assim que a prĂłpria dor parece…

Ó noite imensa, ó noite do Calvário,
Leva contigo envolto no sudário
Da tua dor a dor que me não ´squece!

A Senhora de Brabante

Tem um leque de plumas gloriosas,
na sua mĂŁo macia e cintilante,
de anéis de pedras finas preciosas
a Senhora Duquesa de Brabante.

Numa cadeira de espaldar dourado,
Escuta os galanteios dos barões.
— É noite: e, sob o azul morno e calado,
concebem os jasmins e os corações.

Recorda o senhor Bispo acções passadas.
Falam damas de jĂłias e cetins.
Tratam barões de festas e caçadas
à moda goda: — aos toques dos clarins!

Mas a Duquesa é triste. — Oculta mágoa
vela seu rosto de um solene véu.
— Ao luar, sobre os tanques chora a água…
— Cantando, os rouxinĂłis lembram o cĂ©u…

Dizem as lendas que SatĂŁ vestido
de uma armadura feita de um brilhante,
ousou falar do seu amor florido
Ă  Senhora Duquesa de Brabante.

Dizem que o ouviram ao luar nas águas,
mais louro do que o sol, marmĂłreo, e lindo,
tirar de uma viola estranhas mágoas,
pelas noites que os cravos vĂŞm abrindo…

Dizem mais que na seda das varetas
do seu leque ducal de mil matizes…

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Não me ajeito com os padres, os críticos e os canudinhos de refresco: não há nada que substitua o sabor da comunicação direta.

Vazias as veias, nosso sangue se arrefece, indispostos ficamos desde cedo, incapazes de dar e de perdoar. Mas quando enchemos os canais e as calhas de nosso sangue com comida e vinho, fica a alma muito mais maleável do que durante esses jejuns de padre.

Amor E ReligiĂŁo

Conheci-o: era um padre, um desses santos
Sacerdotes da Fé de crença pura,
Da sua fala na eternal doçura
Falava o coração. Quantos, oh! Quantos

Ouviram dele frases de candura
Que d’infelizes enxugavam prantos!
E como alegres nĂŁo ficaram tantos
Corações sem prazer e sem ventura!

No entanto dizem que este padre amara.
Morrera um dia desvairado, estulto,
Su’alma livre para o CĂ©u se alara.

E Deus lhe disse: “És duas vezes santo,
Pois se da ReligiĂŁo fizeste culto,
Foste do amor o mártir sacrossanto.”