Passagens sobre Pobreza

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A Ilusão da Consistência da Obra do Escritor

O homem não é permanentemente igual a si mesmo. A velha concepção dos carácteres rectilíneos e das mentalidades cristalizadas em sistemas imutáveis abriu falência. Tudo muda, no espaço e no tempo. Para um organismo vivo, existir – mesmo no ponto de vista somático – é transformar-se. Quando começamos cedo e envelhecemos na actividade das letras, não há um nós apenas um escritor; há, ou houve, escritores sucessivos, múltiplos e diversos, representando estados de evolução da mesma mentalidade incessantemente renovada. Ao chegar a altura da vida em que a estabilização se opera, olhamos para trás, e muitas das nossas próprias obras parecem-nos escritas por um estranho, tão longe se encontram já, não apenas dos nossos processos literários, mas do nosso espírito, das nossas tendências, da nossa orientação, dos nossos pontos de vista éticos e estéticos.
Nesse exame retrospectivo, por vezes doloroso, se de algumas coisas temos de louvar-nos – obras a que a nossa mocidade comunicou a chama viva do entusiasmo e da paixão -, de outras somos forçados a reconhecer a pobreza da concepção, os vícios da linguagem, as carências da técnica, e tantas vezes (poenitet me!) as audácias, as incoerências, as injustiças, as demasias, a licença de certas pinturas de costumes e o erro de certas atitudes morais.

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A Minha Inspiração

A minha inspiração são os homens e as mulheres que surgiram em todo o globo e escolheram o mundo como o teatro das suas operações, e que lutam contra as condições socioeconómicas que não promovem o avanço da Humanidade, onde quer que este ocorra. Homens e mulheres que lutam contra a supressão da voz humana, que combatem a doença, a iliteracia, a ignorância, a pobreza e a fome. Alguns são conhecidos, outros não. Essas são as pessoas que me inspiraram.

Antes de Amar-te Eu nada Tinha

Antes de amar-te, amor, eu nada tinha:
vacilei pelas ruas e pelas coisas:
nada contava nem tinha nome:
o mundo era do ar que aguardava.

Conheci salões cinzentos,
túneis habitados pela lua,
hangares cruéis que se despediam,
perguntas que teimavam sobre a areia.

Tudo estava vazio, morto e mudo,
caído, abandonado e abatido,
tudo era inalienavelmente alheio,

tudo era dos outros e de ninguém,
até que a tua beleza e a tua pobreza
encheram o outono de presentes.

Tem-se visto e vêem-se homens que na pobreza são ricos, na perseguição joviais e no desprezo estimados, porém, poucos se contam na boa fortuna ponderados.

Frutas E Flores

Laranjas e morangos — quanto às frutas,
Quanto às flores, porém, ah! quanto às flores,
Trago-te dálias rubras, d’essas cores
Das brilhantes auroras impolutas.

Venho de ouvir as misteriosas lutas
Do mar chorando lágrimas de amores;
Isto é, venho de estar entre os verdores
De um sítio cheio de asperezas brutas,

Mas onde as almas — pássaros que voam —
Vivem sorrindo às músicas que ecoam
Dos campos livres na rural pobreza.

Trago-te frutas, flores, só apenas,
Porque não pude, irmã das açucenas,
Trazer-te o mar e toda a natureza!

Entre nós é vergonhoso reconhecer a própria pobreza; mas pior do que isso é não esforçar-se para escapar dela.

Um homem pode ser um herói se ele é um cientista, ou um soldado, ou um viciado em drogas, ou um locutor, ou um medíocre político mesquinho. Um homem pode ser um herói porque ele sofre e se desespera; ou porque ele pensa logicamente e analiticamente; ou porque ele é “sensível”; ou porque ele é cruel. Riqueza estabelece um homem como um herói, assim como a pobreza. Virtualmente qualquer circunstância na vida de um homem o tornará um herói para algum grupo de pessoas e tem uma versão mítica na cultura — na literatura, arte, teatro, ou nos jornais diários.

O que é característico da vida actual não são a insegurança e a crueldade, mas sim a inquietação e a pobreza.

Quem se fecha em si mesmo por se julgar num plano diferente daquele onde estão os outros, condena-se a uma pobreza de espírito. Quem abandona os outros com medo das suas dores, afasta-se da felicidade.