Ditosos a quem Acena
MARINHA
Ditosos a quem acena
Um lenço de despedida!
SĂŁo felizes: tĂŞm pena…
Eu sofro sem pena a vida.Dôo-me até onde penso,
E a dor é já de pensar,
Ă“rfĂŁo de um sonho suspenso
Pela marĂ© a vazar…E sobe atĂ© mim, já farto
De improfĂcuas agonias,
No cais de onde nunca parto,
A maresia dos dias.
Poemas sobre Agonia de Fernando Pessoa
2 resultadosChove ? Nenhuma Chuva Cai…
Chove? Nenhuma chuva cai…
EntĂŁo onde Ă© que eu sinto um dia
Em que ruĂdo da chuva atrai
A minha inútil agonia ?Onde é que chove, que eu o ouço?
Onde é que é triste, ó claro céu?
Eu quero sorrir-te, e nĂŁo posso,
Ă“ cĂ©u azul, chamar-te meu…E o escuro ruĂdo da chuva
É constante em meu pensamento.
Meu ser Ă© a invisĂvel curva
Traçada pelo som do vento…E eis que ante o sol e o azul do dia,
Como se a hora me estorvasse,
Eu sofro… E a luz e a sua alegria
Cai aos meus pés como um disfarce.Ah, na minha alma sempre chove.
Há sempre escuro dentro de mim.
Se escuro, alguém dentro de mim ouve
A chuva, como a voz de um fim…Os cĂ©us da tua face, e os derradeiros
Tons do poente segredam nas arcadas…No claustro sequestrando a lucidez
Um espasmo apagado em ódio à ânsia
Põe dias de ilhas vistas do convésNo meu cansaço perdido entre os gelos,