O Corpo Insurrecto
Sendo com o seu ouro, aurĂfero,
o corpo Ă© insurrecto.
Consome-se, combustĂvel,
no sexo, boca e recto.Ainda antes que pegue
aos cinco sentidos a chama,
por um aceso acesso
da imaginação
ateiam-se Ă cama
ou a sĂtio algures,
terra de ninguém,
(quem desliza é o espaço
para o corpo que vem),labaredas tais
que, lume, crepitam
nos ciclos mais extremos,
nas rĂ©stias mais Ăntimas,
as glândulas, esponjas
que os corpos apoiam,
zonas aquáticas
onde os ĂłrgĂŁos boiam.No amor, dizendo acto de o sagrar,
apertado o corpo do recém-nascido
no ovo solar, há ainda um outro
corpo incluĂdo,
mas um corpo aquém
de ser sĂŁo ou podre,
um repuxo, um magma,
substância solta,
com pulmões.Neste amor equĂvoco
(ou respiração),
sendo um corpo humano,
sendo outro mais alto,
suspenso da morte,
mortalmente intenso,
mais alto e mais denso,mais talhado Ă© o golpe
quando o põem em prática
com desassossego na respiração
e o sossego cru de quem,
Poemas sobre Amor de Luiza Neto Jorge
3 resultados Poemas de amor de Luiza Neto Jorge. Leia este e outros poemas de Luiza Neto Jorge em Poetris.
O Poema Ensina a Cair
O poema ensina a cair
sobre os vários solos
desde perder o chão repentino sob os pés
como se perde os sentidos numa
queda de amor, ao encontro
do cabo onde a terra abate e
a fecunda ausência excedeaté à queda vinda
da lenta volĂşpia de cair,
quando a face atinge o solo
numa curva delgada subtil
uma vénia a ninguém de especial
ou especialmente a nĂłs uma homenagem
pĂłstuma.
Desinferno II
CaĂsse a montanha e do oiro o brilho
O meigo jardim abolisse a flor
A mĂŁe desmoesse as carnes do filho
Por botĂŁo de vĂdeo se fizesse amorO livro morresse, a obra parasse
Soasse a granizo o que era alegria
A porta do ar se calafetasse
Que eu de amor apenas ressuscitaria