Pequenos Poemas Mentais
Mental: nada, ou quase nada sentimental.
I
Quem nĂŁo sai de sua casa,
nĂŁo atravessa montes nem vales,
nĂŁo vĂŞ eiras
nem mulheres de infusa,
nem homens de mangual em riste, suados,
quem vive como a aranha no seu redondel
cria mil olhos para nada.
Mil olhos!
Implacáveis.
E hoje diz: odeio.
Ontem diria: amo.
Mas odeia, odeia com indĂ´mitos Ăłdios.
E se se aplaca, como acha o tempo pobre!
E a liberdade inĂştil,
inĂştil e vĂŁ,
riqueza de miseráveis.II
Como sempres, há-de-chegar, desde os tempos!
Vozes, cumprimentos, ofegantes entradas.
Mas que vos reunirá, pensamentos?
Chegais a existir, pensamentos?
É provável, mas desconfiados e inválidos,
Rosnando estĂşpidos, com cĂŁes.Ă“ inĂşteis, aquietai-vos!
Voltai como os cĂŁes das quintas
ao ponto da partida, decepcionados.
E enrolai-vos tristonhos, rabugentos, desinteressados.III
Esse gesto…
Esse desânimo e essa vaidade…
A vaidade ferida comove-me,
comove-me o ser ferido!A vaidade nĂŁo Ă© generosa, Ă© egoĂsta,
Mas chega a ser bela,
Poemas sobre Ar de Irene Lisboa
2 resultados Poemas de ar de Irene Lisboa. Leia este e outros poemas de Irene Lisboa em Poetris.
Meados de Maio
Chuvoso maio!
Deste lado oiço gotejar
sobre as pedras.
Som da cidade …
Do outro via a chuva no ar.
Perpendicular, fina,
Tomava cor,
distinguia-se
contra o fundo das trepadeiras
do jardim.
No chĂŁo, quando caĂa,
abria cĂrculos
nas pocinhas brilhantes,
já formadas?
Há lá coisa mais lindaque este bater de água
na outra água?
Um pingo cai
E forma uma rosa…
um movimento circular,
que se espraia.
Vem outro pingo
E nasce outra rosa…
e sempre assim!Os nossos olhos desconsolados,
sem alegria nem tristeza,
tranquilamente
vĂŁo vendo formar-se as rosas,
brilhar
e mover-se a água…