MĂŁe

Intacta como o silĂȘncio. Terra
Na terra, dela te alimentas e, serena,
A adubas, como orvalho Ă s manhĂŁs.
Fantasma de ti, nĂŁo; e, como espĂ­rito, ardes
Por entre. Ciprestes e ventos. E sĂłis e
Noites. Mas ardes. E falas. FĂ©tida mi-
Neração de ossos translĂșcidos
Do azul que me legaste
Ao descer-te as pĂĄlpebras na hora verdadeira.
Intacta como os ventos que nĂŁo vieram
E aguardam a hora de soltar-se.
Intacta por sob. Mas intacta. Pura,
De terra e de sonho. NĂŁo sa-u-d-a-
De nem fantasma, nĂŁo. Alegria.
Como o ser. Como a ladainha que te cantei, tu sabes

Quando. ALEGRIA. Como quando os olhos
NĂŁo sabiam de lĂĄgrimas. Ou sabiam,
Como se nĂŁo existissem senĂŁo para.
Saber-te lĂĄ onde Ă©s (aqui, tĂŁo pertinho,
Onde o teu sopro se fechou… ) Alegria
Ainda e sempre… Intacta. Casta toda
Como os mĂĄrmores que nĂŁo quis a emoldurar
Teu corpo de terra. Casta como os ventos.
ArdĂȘncia solar da meia-tarde de cada dia,
Claridade que me nasces no «bom-dia»
Que nos damos, por sob o sol e a chuva
Das horas e dos dias.

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