Cacida da Mulher Estendida
Despida ver-te é recordar a terra.
A terra lisa, limpa de cavalos.
A terra sem um junco, forma pura
ao futuro cerrada: argêntea fímbria.Despida ver-te é compreender a ânsia
da chuva que procura débil talhe,
ou a febre do mar de imenso rosto
sem a luz encontrar de sua face.O sangue soará pelas alcovas
e virá com espada fulgurante,
mas tu não saberás onde se oculta
o coração de sapo ou a violeta.Teu ventre é uma luta de raízes,
teus lábios, uma aurora sem contorno,
por sob as rosas tépidas da cama
os mortos gemem esperando vez.Tradução de Oscar Mendes
Poemas sobre Aurora de Federico García Lorca
2 resultadosRuína
Sem encontrar-se.
Viajante pelo seu próprio torso branco.
Assim ia o ar.Logo se viu que a lua
era uma caveira de cavalo
e o ar uma maçã escura.Detrás da janela,
com látegos e luzes se sentia
a luta da areia contra a água.Eu vi chegarem as ervas
e lhes lancei um cordeiro que balia
sob seus dentezinhos e lancetas.Voava dentro de uma gota
a casca de pluma e celulóide
da primeira pomba.As nuvens, em manada,
ficaram adormecidas contemplando
o duelo das rochas contra a aurora.Vêm as ervas, filho;
já soam suas espadas de saliva
pelo céu vazio.Minha mão, amor. As ervas!
Pelos cristais partidos da morada
o sangue desatou suas cabeleiras.Tu somente e eu ficamos;
prepara teu esqueleto para o ar.
Eu só e tu ficamos.Prepara teu esqueleto;
é preciso ir buscar depressa, amor, depressa,
nosso perfil sem sonho.