O Deus Mal Informado
No caminho onde pisou um deus
hĂĄ tanto tenpo que o tempo nĂŁo lembra
resta o sonho dos pés
sem peso
sem desenho.Quem passe ali, na fracção de segundo,
em deus se erige, insciente, deus faminto,
saudoso de existĂȘncia.Vai seguindo em demanda de seu rastro,
Ă© um tremor radioso, uma opulĂȘncia
de impossĂveis, casulos do possĂvel.Mas a estrada se parte, se milparte,
a seta nĂŁo aponta
a destino algum, e o traço ausente
ao homem torna homem, novamente.
Poemas sobre Ausentes de Carlos Drummond de Andrade
2 resultadosTu? Eu?
NĂŁo morres satisfeito.
A vida te viveu
sem que vivesses nela.
E nĂŁo te convenceu
nem deu qualquer motivo
para haver o ser vivo.A vida te venceu
em luta desigual.
Era todo o passado
presente presidente
na polpa do futuro
acuando-te no beco.
Se morres derrotado,
nĂŁo morres conformado.Nem morres informado
dos termos da sentença
de tua morte, lida
antes de redigida.
Deram-te um defensor
cego surdo estrangeiro
que ora metia medo
ora extorquia amor.Nem sabes se Ă©s culpado
de nĂŁo ter culpa. Sabes
que morres todo o tempo
no ensaiar errado
que vai a cada instante
desensinando a morte
quanto mais a soletras,
sem que, nascido, more
onde, vivendo, morres.NĂŁo morres satisfeito
de trocar tua morte
por outra mais (?) perfeita.
NĂŁo aceitas teu
como aceitaste os muitos
fins em volta de ti.Testemunhaste a morte
no privilégio de ouro
de a sentires em vida
através de um aquårio.
Eras tu que morrias
nesse,