Morena

NĂŁo negues, confessa
Que tens certa pena
Que as mais raparigas
Te chamem morena.

Pois eu nĂŁo gostava,
Parece-me a mim,
De ver o teu rosto
Da cor do jasmim.

Eu nĂŁo… mas enfim
É fraca a razão,
Pois pouco te importa
Que eu goste ou que nĂŁo.

Mas olha as violetas
Que, sendo umas pretas,
O cheiro que tĂȘm!
VĂȘ lĂĄ que seria,
Se Deus as fizesse
Morenas também!

Tu Ă©s a mais rara
De todas as rosas;
E as coisas mais raras
SĂŁo mais preciosas.

HĂĄ rosas dobradas
E hĂĄ-as singelas;
Mas sĂŁo todas elas
Azuis, amarelas,
De cor de açucenas,
De muita outra cor;
Mas rosas morenas,
SĂł tu, linda flor.

E olha que foram
Morenas e bem
As moças mais lindas
De Jerusalém.
E a Virgem Maria
NĂŁo sei… mas seria
Morena também.

Moreno era Cristo.
VĂȘ lĂĄ depois disto
Se ainda tens pena
Que as mais raparigas
Te chamem morena!

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