Poemas sobre Bocas de Hilda Hilst

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Poemas de bocas de Hilda Hilst. Leia este e outros poemas de Hilda Hilst em Poetris.

Colada Ă  Tua Boca

Colada Ă  tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossĂ­vel se fazendo ordem.
Colada Ă  tua boca, mas descomedida
Árdua
Construtor de ilusÔes examino-te sÎfrega
Como se fosses morrer colado Ă  minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnĂąnimo
Eu te sorvo extremada Ă  luz do amanhecer.

Atravessaremos Juntos as Grandes Espirais

Que boca hĂĄ de roer o tempo? Que rosto
HĂĄ de chegar depois do meu? Quantas vezes
O tule do meu sopro hĂĄ de pousar
Sobre a brancura fremente do teu dorso?

Atravessaremos juntos as grandes espirais
A artĂ©ria estendida do silĂȘncio, o vĂŁo
O patamar do tempo?

Quantas vezezs dirås: vida, vésper, magna-marinha

E quantas vezes direi: Ă©s meu. E as distendidas
Tardes, as largas luas, as madrugadas agĂŽnicas
Sem poder tocar-te. Quantas vezes, amor

Uma nova vertente hĂĄ de nascer em ti
E quantas vezes em mim hĂĄ de morrer.

Toma-me

Toma-me. A tua boca de linho sobre a minha boca
Austera. Toma-me AGORA, ANTES
Antes que a carnadura se desfaça em sangue, antes
Da morte, amor, da minha morte, toma-me
Crava a tua mĂŁo, respira meu sopro, deglute
Em cadĂȘncia minha escura agonia.

Tempo do corpo este tempo, da fome
Do de dentro. Corpo se conhecendo, lento,
Um sol de diamante alimentando o ventre,
O leite da tua carne, a minha
Fugidia.
E sobre nĂłs este tempo futuro urdindo
Urdindo a grande teia. Sobre nĂłs a vida
A vida se derramando. CĂ­clica. Escorrendo.

Te descobres vivo sob um jogo novo.
Te ordenas. E eu deliquescida: amor, amor,
Antes do muro, antes da terra, devo
Devo gritar a minha palavra, uma encantada
Ilharga
Na cĂĄlida textura de um rochedo. Devo gritar
Digo para mim mesma. Mas ao teu lado me estendo
Imensa. De pĂșrpura. De prata. De delicadeza.