Colada Ă Tua Boca
Colada Ă tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossĂvel se fazendo ordem.
Colada Ă tua boca, mas descomedida
Ărdua
Construtor de ilusÔes examino-te sÎfrega
Como se fosses morrer colado Ă minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnĂąnimo
Eu te sorvo extremada Ă luz do amanhecer.
Poemas sobre Bocas de Hilda Hilst
3 resultadosAtravessaremos Juntos as Grandes Espirais
Que boca hĂĄ de roer o tempo? Que rosto
HĂĄ de chegar depois do meu? Quantas vezes
O tule do meu sopro hĂĄ de pousar
Sobre a brancura fremente do teu dorso?Atravessaremos juntos as grandes espirais
A artĂ©ria estendida do silĂȘncio, o vĂŁo
O patamar do tempo?Quantas vezezs dirås: vida, vésper, magna-marinha
E quantas vezes direi: Ă©s meu. E as distendidas
Tardes, as largas luas, as madrugadas agĂŽnicas
Sem poder tocar-te. Quantas vezes, amorUma nova vertente hĂĄ de nascer em ti
E quantas vezes em mim hĂĄ de morrer.
Toma-me
Toma-me. A tua boca de linho sobre a minha boca
Austera. Toma-me AGORA, ANTES
Antes que a carnadura se desfaça em sangue, antes
Da morte, amor, da minha morte, toma-me
Crava a tua mĂŁo, respira meu sopro, deglute
Em cadĂȘncia minha escura agonia.Tempo do corpo este tempo, da fome
Do de dentro. Corpo se conhecendo, lento,
Um sol de diamante alimentando o ventre,
O leite da tua carne, a minha
Fugidia.
E sobre nĂłs este tempo futuro urdindo
Urdindo a grande teia. Sobre nĂłs a vida
A vida se derramando. CĂclica. Escorrendo.Te descobres vivo sob um jogo novo.
Te ordenas. E eu deliquescida: amor, amor,
Antes do muro, antes da terra, devo
Devo gritar a minha palavra, uma encantada
Ilharga
Na cĂĄlida textura de um rochedo. Devo gritar
Digo para mim mesma. Mas ao teu lado me estendo
Imensa. De pĂșrpura. De prata. De delicadeza.