Poemas sobre Cabos de AntĂłnio Gomes Leal

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Poemas de cabos de AntĂłnio Gomes Leal. Leia este e outros poemas de AntĂłnio Gomes Leal em Poetris.

Lisboa

De certo, capital alguma n’este mundo
Tem mais alegre sol e o ceu mais cavo e fundo,
Mais collinas azues, rio d’aguas mais mansas,
Mais tristes procissões, mais pallidas creanças,
Mais graves cathedraes – e ruas, onde a esteira
Seja em tardes d’estio a flor de larangeira!

A Cidade é formosa e esbelta de manhã! –
É mais alegre então, mais limpida, mais sã;
Com certo ar virginal ostenta suas graças,
Ha vida, confusão, murmurios pelas praças;
– E, ás vezes, em roupão, uma violeta bella
Vem regar o craveiro e assoma na janella.

A Cidade é beata – e, ás lucidas estrellas,
O Vicio á noute sae ás ruas e ás viellas,
Sorrindo a perseguir burguezes e estrangeiros;
E á triste e dubia luz dos baços candieiros,
– Em bairos sepulchraes, onde se dão facadas –
Corre ás vezes o sangue e o vinho nas calçadas!

As mulheres sĂŁo vĂŁs; mas altas e morenas,
D’olhos cheios de luz, nervosas e serenas,
Ebrias de devoções, relendo as suas Horas;
– Outras fortes, crueis, os olhos côr d’amoras,

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A Ultima Serenada do Diabo

No tempo em que elle, nas lendas,
Era amante e cortezĂŁo,
Jogava, e tinha contendas,
Cantava assim em MilĂŁo:

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Ă“ flores meigas, Ăł Bellas!
Para prender os toucados,
Eu dar-vos-hia as estrellas:
– Os alfinetes dourados!

Só pelo amor quebro lanças! –
A Rainha de Navarra
Enleou um dia as tranças
No braço d’esta guitarra!

Sou um heroe perseguido!…
Mas inda ha luz nos meus rastros;
A lança que me ha ferido
Foi feita do ouro dos astros!

Mas um dia, Ăł bem amadas!
Eu tornaria ás alturas…
Subindo pelas escadas
Das vossas tranças escuras!

O amor que em meu peito cabe
NĂŁo conta diques, Ăł bellas!
SĂł minha guitarra o sabe,
E aquellas velhas estrellas!

Ă“ batalhas amorosas!
– Era d’aventuras cheia!
Ă“ brancas noutes saudosas
Que eu andei pela Judea!

Ă“ flores apetecidas!
Livros escriptos com beijos!
Ă“ brancas aves fugidas
Dos jardins dos meus desejos!

NĂŁo me deixeis no abandono
Ă“ tristes olhos leaes!

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