Cavalo Ă solta
Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denĂșncia do que pensa
do que sente a gente certa.Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo Ă solta
pela margem do teu corpo.Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.Por isso digo
canção castigo
amĂȘndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.
Poemas sobre Canto de Ary dos Santos
4 resultadosRetrato do Povo de Lisboa
Ă da torre mais alta do meu pranto
que eu canto este meu sangue este meu povo.
Dessa torre maior em que apenas sou grande
por me cantar de novo.Cantar como quem despe a ganga da tristeza
e pÔe a nu a espådua da saudade
chama que nasce e cresce e morre acesa
em plena liberdade.à da voz do meu povo uma criança
seminua nas docas de Lisboa
que eu ganho a minha voz
caldo verde sem esperança
laranja de humildade
amarga lança
até que a voz me doa.Mas nunca se dói só quem a cantar magoa
dói-me o Tejo vazio dói-me a miséria
apunhalada na garganta.
DĂłi-me o sangue vencido a nĂłdoa negra
punhada no meu canto.
Estrela da Tarde
Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu nĂŁo vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tĂŁo tarde, que a boca tardando-lhe o beijo morria.
Quando Ă boca da noite surgiste na tarde qual rosa tardia
Quando nĂłs nos olhĂĄmos, tardĂĄmos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficĂĄmos, unidos, ardendo na luz que morria
Em nĂłs dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia.
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça
E o meu corpo te guarde.
Meu amor, meu amor
Eu nĂŁo tenho a certeza
Se tu Ă©s a alegria
Ou se Ă©s a tristeza.
Meu amor, meu amor
Eu nĂŁo tenho a certeza!Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silĂȘncios que Ă noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados nĂŁo adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram.
Cantiga de Amigo
Nem um poema nem um verso nem um canto
tudo raso de ausĂȘncia tudo liso de espanto
e nem CamĂ”es VirgĂlio Shelley Dante
â o meu amigo estĂĄ longe
e a distĂąncia Ă© bastante.Nem um som nem um grito nem um ai
tudo calado todos sem mĂŁe nem pai
Ah nĂŁo CamĂ”es VirgĂlio Shelley Dante!â o meu amigo estĂĄ longe
e a tristeza Ă© bastante.Nada a nĂŁo ser este silĂȘncio tenso
que faz do amor sozinho o amor imenso.
Calai CamĂ”es VirgĂlio Shelley Dante:
o meu amigo estĂĄ longe
e a saudade Ă© bastante!