Poemas sobre Carne de Ant贸nio Botto

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Poemas de carne de Ant贸nio Botto. Leia este e outros poemas de Ant贸nio Botto em Poetris.

Anda vem…

Anda vem…, porque te negas,
Carne morena, toda perfume?
Porque te calas,
Porque esmoreces,
Boca vermelha – rosa de lume?

Se a luz do dia
Te cobre de pejo,
Esperemos a noite presos num beijo.

D谩-me o infinito gozo
De contigo adormecer
Devagarinho, sentindo
O aroma e o calor
Da tua carne, meu amor!

E ouve, mancebo alado:
Entrega-te, s锚 contente!
– Nem todo o prazer
Tem vileza ou tem pecado!

Anda, vem!… D谩-me o teu corpo
Em troca dos meus desejos…
Tenho saudades da vida!
Tenho sede dos teus beijos!

Tenho a Certeza de que Entre N贸s Tudo Acabou

Tenho a certeza
De que entre n贸s tudo acabou.
Deixal-o!
Bemdita seja a tristesa!
– N茫o ha bem que sempre dure
E o meu bem pouco durou.

N茫o levantes os teus bra莽os,
Para de novo cingir
A minha carne de seda;
– Vou deixar-te… vou partir.

E se um dia te lembrares,
Dos meus olhos c么r de bronze
E do meu corpo franzino,
Acalma
A tua sensualidade,
Bebendo vinho e cantando
Os versos que te mandei
N’aquella tarde cinzenta…

Adeus!

Quem fica soffre bem sei;
Mas soffre mais quem se ausenta!…

Tu Mandaste-me Dizer

Tu mandaste-me dizer
Que tornavas novamente
Quando viesse a tardinha;
E eu, para mais te prender,
– N’esse dia…

Pintei de negro os meus olhos
E de r么xo a minha boca.
As rosas eram aos m贸lhos
Para a noite rubra e louca!

Entornei sobre o meu corpo,
– Que f么ra delgado e bello!
O perfume mais extranho e mais subtil;
E um brocado r么xo e verde
Envolveu a minha carne
Macerada e varonil.
Os meus hombros florentinos,
Cob茅rtos de pedraria,
Eram chagas luminosas
Alumiando o meu corpo
Todo em f茅bre e nostalgia.
Nas minhas m茫os de cambraia,
As esmeraldas scintillavam;
E as p茅rolas nos meus bra莽os,
Murmuravam…
Desmanchado, o meu cabello,
Em ondas largas, cahia,
Na minha fronte
Ligeiramente sombr铆a.

Estava pallido e dir-se-hia
Que a pallidez aumentava
A minha grande belleza!

Na minha boca ondulava
Um sorriso de tristeza.

A noite vinha tombando.

E, como tardasses,
Fiquei-me, sent谩do, olhando
O meu vulto reflectido
No espelho de crystal;

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Anda, Vem

Anda, vem… por que te n茅gas,
Carne mor锚na, toda perfume?
Por que te c谩las,
Por que esmoreces
Boca verm锚lha, – rosa de lume!

Se a luz do dia
Te c贸bre de p锚jo,
Esperemos a noite presos n’um beijo.

D谩-me o infinito goso
De contigo adormecer,
Devagarinho, sentindo
O ar么ma e o cal么r
Da tua carne, – meu am么r!

E ouve, mancebo al谩do,
N茫o entriste莽as, n茫o penses,
– S锚 contente,
Porque nem todo o prazer
Tem peccado…

Anda, vem… d谩-me o teu corpo
Em troca dos meus desejos;

Tenho Saudades da vida!

Tenho s锚de dos teus beijos!

Ouve, Meu Anjo

Ouve, meu anjo:
Se eu beij谩sse a tua p茅l?
Se eu beij谩sse a tua boca
Onde a saliva 茅 um m茅l?…

Quiz afastar-se mostrando
Um sorriso desdenhoso;
Mas ai!
– A carne do assassino
脡 como a do virtuoso.

N’uma attitude elegante,
Mysteriosa, gentil,
Deu-me o seu corpo doirado
Que eu beijei quase febr铆l.

Na vidra莽a da janella,
A chuva, l茅ve, tinia…

Elle apertou-me, cerrando
Os olhos para sonhar…
E eu, lentamente, morria
Como um perfume no ar!