A Noite Abre Meus Olhos
Caminhei sempre para ti sobre o mar encrespado
na constelação onde os tremoceiros estendem
rondas de aço e charcos
no seu extremo azuladoFerrugens cintilam no mundo,
atravessei a corrente
unicamente Ă s escuras
construà minha casa na duração
de obscuras lĂnguas de fogo, de lianas, de lĂquenesA aurora para a qual todos se voltam
leva meu barco da porta entreabertao amor Ă© uma noite a que se chega sĂł
Poemas sobre Casas de José Tolentino Mendonça
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NĂŁo Deixeis um Grande Amor
Aos poucos apercebi-me do modo
desolado incerto quase eventual
com que morava em minha casaassim ele habitou cidades
desprovidas
ou os portos levantinos a que
se ligava apenas por saber
que nada ali o esperavaassim se reteve nos campos
dos ciganos sem nunca conseguir
ser um deles:
nas suas rixas insanas
nas danças de navalhas
na arte de domar a dorchegou a ser o melhor
mas era ainda a criança perdida
que protesta inocĂȘncia
dentro do escuronĂŁo serĂĄ por muito tempo
assim eu pensava
e pelas falésias jå a solidão
dele vinhanĂŁo serĂĄ por muito tempo
assim eu pensava
mas ele sorria e uma a uma
as evidencias negavapor isso vos digo
nĂŁo deixeis o vosso grande amor
refém dos mal-entendidos
do mundo