GĂ©nio do Mal

Gostavas de tragar o universo inteiro,
Mulher impura e cruel! Teu peito carniceiro,
Para se exercitar no jogo singular,
Por dia um coração precisa devorar.
Os teus olhos, a arder, lembram as gambiarras
Das barracas de feira, e prendem como garras;
Usam com insolĂŞncia os filtros infernais,
Levando a perdição às almas dos mortais.

Ă“ monstro surdo e cego, em maldades fecundo!
Engenho salutar, que exaure o sangue do mundo
Tu nĂŁo sentes pudor? o pejo nĂŁo te invade?
Nenhum espelho há que te mostre a verdade?
A grandeza do mal, com que tu folgas tanto.
Nunca, jamais, te fez recuar com espanto
Quando a Natura-mĂŁe, com um fim ignorado,
— Ó mulher infernal, rainha do Pecado! —
Vai recorrer a ti para um génio formar?

Ă“ grandeza de lama! Ăł ignomĂ­nia sem par.

Tradução de Delfim Guimarães