GĂ©nio do Mal
Gostavas de tragar o universo inteiro,
Mulher impura e cruel! Teu peito carniceiro,
Para se exercitar no jogo singular,
Por dia um coração precisa devorar.
Os teus olhos, a arder, lembram as gambiarras
Das barracas de feira, e prendem como garras;
Usam com insolĂŞncia os filtros infernais,
Levando a perdição às almas dos mortais.Ó monstro surdo e cego, em maldades fecundo!
Engenho salutar, que exaure o sangue do mundo
Tu nĂŁo sentes pudor? o pejo nĂŁo te invade?
Nenhum espelho há que te mostre a verdade?
A grandeza do mal, com que tu folgas tanto.
Nunca, jamais, te fez recuar com espanto
Quando a Natura-mĂŁe, com um fim ignorado,
— Ó mulher infernal, rainha do Pecado! —
Vai recorrer a ti para um gĂ©nio formar?Ă“ grandeza de lama! Ăł ignomĂnia sem par.
Tradução de Delfim Guimarães
Poemas sobre Cegos de Charles Baudelaire
1 resultado Poemas de cegos de Charles Baudelaire. Leia este e outros poemas de Charles Baudelaire em Poetris.