Quanta Tristeza e Amargura
Quanta tristeza e amargura afoga
Em confusĂŁo a ‘streita vida!
Quanto InfortĂșnio mesquinho
Nos oprime supremo!
Feliz ou o bruto que nos verdes campos
Pasce, para si mesmo anĂŽnimo, e entra
Na morte como em casa;
Ou o sĂĄbio que, perdido
Na ciĂȘncia, a fĂștil vida austera eleva
Além da nossa, como o fumo que ergue
Braços que se desfazem
A um céu inexistente.
Poemas sobre CĂ©u de Ricardo Reis
3 resultadosNem Hóspede Serå do que Conheço
Rasteja mole pelos campos ermos
O vento sossegado.
Mais parece tremer de um tremor prĂłprio,
Que do vento, o que Ă© erva.
E se as nuvens no céu, brancas e altas,
Se movem, mais parecem
Que gira a terra rĂĄpida e elas passam,
Por muito altas, lentas.
Aqui neste sossego dilatado
Me esquecerei de tudo,
Nem hóspede serå do que conheço
A vida que deslembro.
Assim meus dias seu decurso falso
GozarĂŁo verdadeiro.
A Vida Passa como se TemĂȘssemos
Deixemos, LĂdia, a ciĂȘncia que nĂŁo pĂ”e
Mais flores do que Flora pelos campos,
Nem dĂĄ de Apolo ao carro
Outro curso que Apolo.Contemplação estĂ©ril e longĂnqua
Das coisas prĂłximas, deixemos que ela
Olhe até não ver nada
Com seus cansados olhos.VĂȘ como Ceres Ă© a mesma sempre
E como os louros campos intumesce
E os cala prĂĄs avenas
Dos agrados de PĂŁ.VĂȘ como com seu jeito sempre antigo
Aprendido no orige azul dos deuses,
As ninfas nĂŁo sossegam
Na sua dança eterna.E como as heniadrĂades constantes
Murmuram pelos rumos das florestas
E atrasam o deus PĂŁ.
Na atenção à sua flauta.Não de outro modo mais divino ou menos
Deve aprazer-nos conduzir a vida,
Quer sob o ouro de Apolo
Ou a prata de Diana.Quer troe JĂșpiter nos cĂ©us toldados.
Quer apedreje com as suas ondas
Netuno as planas praias
E os erguidos rochedos.Do mesmo modo a vida Ă© sempre a mesma.
NĂłs nĂŁo vemos as Parcas acabarem-nos.