O Maestro Sacode a Batuta
O maestro sacode a batuta,
A lĂąnguida e triste a mĂșsica rompe …Lembra-me a minha infĂąncia, aquele dia
Em que eu brincava ao pé dum muro de quintal
Atirando-lhe com, uma bola que tinha dum lado
O deslizar dum cĂŁo verde, e do outro lado
Um cavalo azul a correr com um jockey amarelo …Prossegue a mĂșsica, e eis na minha infĂąncia
De repente entre mim e o maestro, muro branco,
Vai e vem a bola, ora um cĂŁo verde,
Ora um cavalo azul com um jockey amarelo…Todo o teatro Ă© o meu quintal, a minha infĂąncia
EstĂĄ em todos os lugares e a bola vem a tocar mĂșsica,
Uma mĂșsica triste e vaga que passeia no meu quintal
Vestida de cĂŁo verde tornando-se jockey amarelo…
(TĂŁo rĂĄpida gira a bola entre mim e os mĂșsicos…)Atiro-a de encontra Ă minha infĂąncia e ela
Atravessa o teatro todo que estå aos meus pés
A brincar com um jockey amarelo e um cĂŁo verde
E um cavalo azul que aparece por cima do muro
Do meu quintal…
Poemas sobre Cima de Fernando Pessoa
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Contemplo o que nĂŁo Vejo
Contemplo o que nĂŁo vejo.
Ă tarde, Ă© quase escuro.
E quanto em mim desejo
Estå parado ante o muro.Por cima o céu é grande;
Sinto årvores além;
Embora o vento abrande,
Hå folhas em vaivém.Tudo é do outro lado,
No que hĂĄ e no que penso.
Nem hĂĄ ramo agitado
Que o céu não seja imenso.Confunde-se o que existe
Com o que durmo e sou.
NĂŁo sinto, nĂŁo sou triste.
Mas triste Ă© o que estou.