Viola Chinesa
Ao longo da viola morosa
Vai adormecendo a parlenda,
Sem que, amadornado, eu atenda
A lengalenga fastidiosa.Sem que o meu coraĆ§Ć£o se prenda,
Enquanto, nasal, minuciosa,
Ao longo da viola morosa,
Vai adormecendo a parlenda.Mas que cicatriz melindrosa
HĆ” nele, que essa viola ofenda
E faz que as asitas distenda
Numa agitaĆ§Ć£o dolorosa?Ao longo da viola, morosa…
Poemas sobre CoraĆ§Ć£o de Camilo Pessanha
3 resultadosO Meu CoraĆ§Ć£o Desce
O meu coraĆ§Ć£o desce,
Um balĆ£o apagado…
_ Melhor fora que ardesse,
Nas trevas, incendiado.
Na bruma fastidienta.
Como um caixĆ£o Ć cova…
_ Porque antes nĆ£o rebenta
De dor violenta e nova?!
Que apego ainda o sustƩm?
Ćtomo miserando…
_ Se o esmagasse o trem
Dum comboio arquejando!…O inane, vil despojo
Da alma egoĆsta e fraca!
Trouxesse-o o mar de rojo,
Levasse-o a ressaca.
Na Cadeia os Bandidos Presos!
Na cadeia os bandidos presos!
O seu ar de contemplativos!
Que Ć© das flores de olhos acesos?!
Pobres dos seus olhos cativos.Passeiam mudos entre as grades,
Parecem peixes num aquƔrio.
_ Campo florido das Saudades,
Porque rebentas tumultuĆ”rio?Serenos… Serenos… Serenos…
Trouxe-os algemados a escolta.
_ Estranha taƧa de venenos
Meu coraĆ§Ć£o sempre em revolta.CoraĆ§Ć£o, quietinho… quietinho…
Porque te insurges e blasfemas?
Pschiu… NĆ£o batas… Devagarinho…
Olha os soldados, as algemas!