Poemas sobre Cores de Eugénio de Andrade

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Poemas de cores de Eugénio de Andrade. Leia este e outros poemas de Eugénio de Andrade em Poetris.

Frente a frente

Nada podeis contra o amor,
Contra a cor da folhagem,
contra a carĂ­cia da espuma,
contra a luz, nada podeis.

Podeis dar-nos a morte,
a mais vil, isso podeis
– e Ă© tĂŁo pouco!

Litania

O teu rosto inclinado pelo vento;
a feroz brancura dos teus dentes;
as mĂŁos, de certo modo, irresponsĂĄveis,
e contudo sombrias, e contudo transparentes;

o triunfo cruel das tuas pernas,
colunas em repouso se anoitece;
o peito raso, claro, feito de ĂĄgua;
a boca sossegada onde apetece

navegar ou cantar, ou simplesmente ser
a cor dum fruto, o peso duma flor;
as palavras mordendo a solidĂŁo,
atravessadas de alegria e de terror,

sĂŁo a grande razĂŁo, a Ășnica razĂŁo.