Parafuso
Sabem-me o rosto,
sabem-me os pés,
sabem-me a roupa.Viram-me nu,
viram-me inteiro
no corpo imĂłvel.Mas sĂł me sabem,
mas sĂł me vĂȘem,
mas sĂł me enterram:inexistente,
alheio e estranho,
entrado em mim.
Poemas sobre Corpo de Nauro Machado
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Chegada a Hora o Sonho SerĂĄ Terra
Chegada a hora o sonho serĂĄ terra,
o medo darĂĄ seu Ășltimo vintĂ©m,
e o passado e o futuro serĂŁo guerra
do não-ser sobre terras de ninguém
Ărvore gĂ©mea Ă que em dor se enterra,
o céu descerå em busca de outro além,
e unidos ambos, corpo e céu, a alma er-
rarå distante, mas morta, também.
SerĂĄ possĂvel mesmo o fim de tudo,
tudo tĂŁo rĂĄpido? Ă pĂĄssaro ao vento,
Ăł ave sombria: cantai num templo mudo,
a atroz saudade da alma nunca vista,
passo perdido em negro firmamento,
paisagem morta â que a terra conquista!