In Extremis
1
Só a criança conhece a Eternidade
Que Ă© inocĂŞncia do desconhecido.
E o que me dá saudade
É havê-la em mim perdido.Outra herança de tudo que não sou
Podeis levá-la! Faça-se a vontade:
Que a imortal, perene propriedade,
Perdeu-a o homem quando semeou.Ah! como a onda do mar que Ă© mais bravia
É que abraça os escolhos,
SĂł terra de poesia
Foi na minh’alma dor, o luto dos meus olhos.Entre o homem e o mundo há um novelo
De linha preta:
Meu acto de Fé é ser criança, e crê-lo,
Que Ă© ser poeta.2
O que levamos da terra
É o cĂ©u que possuĂmos:
Esperança das sepulturas.E à morte que damos vida
Todos os deuses se igualam
Ao mesmo Deus das Alturas.SĂŞ, Ăł Morte, o meu dia de JuĂzo
Se Ă© fantasia o que penso
Sonho a terra que piso.Mas quando o corpo, a natureza morta
Me for nas mĂŁos dos homens
Com suas luvas pretas,
Poemas sobre Deus de Afonso Duarte
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Cantigas
1
Não há pressas, nem demoras,
No coração das cantigas;
Nem os relĂłgios dĂŁo horas
Quando cantam raparigas.2
Como algum dia ando hoje;
Sou o mesmo apaixonado;
Quem disser que o tempo foge
É de nunca ter amado.3
A saudade é queda d’água
Que ao longe quebra, ao bater;
É um compasso de mágoa
Marcado por te nĂŁo ver.4
Como um adeus de saudade
Não há palavra tão louca:
Dizer adeus, ninguém há-de
Ouvi-lo da minha boca.5
Quem ama liga-se Ă terra,
Quem canta, ao reino dos céus;
Quem pára que Deus o salve,
Quem anda que vá com Deus.