Serradura
A minha vida sentou-se
E não há quem a levante,
Que desde o Poente ao Levante
A minha vida fartou-se.E ei-la, a mona, lá está,
Estendida, a perna traçada,
No infindável sofá
Da minha Alma estofada.Pois Ă© assim: a minha Alma
Outrora a sonhar de RĂşssias,
Espapaçou-se de calma,
E hoje sonha só pelúcias.Vai aos Cafés, pede um bock,
LĂŞ o “Matin” de castigo,
E não há nenhum remoque
Que a regresse ao Oiro antigo:Dentro de mim Ă© um fardo
Que não pesa, mas que maça:
O zumbido dum moscardo,
Ou comichĂŁo que nĂŁo passa.Folhetim da “Capital”
Pelo nosso JĂşlio Dantas –
Ou qualquer coisa entre tantas
Duma antipatia igual…O raio já bebe vinho,
Coisa que nunca fazia,
E fuma o seu cigarrinho
Em plena burocracia!…Qualquer dia, pela certa,
Quando eu mal me precate,
É capaz dum disparate,
Se encontra a porta aberta…Isto assim nĂŁo pode ser…
Mas como achar um remédio?
Poemas sobre Disparates de Mário de Sá-Carneiro
1 resultado Poemas de disparates de Mário de Sá-Carneiro. Leia este e outros poemas de Mário de Sá-Carneiro em Poetris.