Já Velho e Doente
«Seja a terra da Terceira
A minha coberta de alma»,
Disse eu na idade fagueira,
Em que tudo é força e calma.Mas hoje, já velho e doente,
Em que as almas nĂŁo se cobrem,
Hoje sim, peço seriamente
Que os sinos por mim lá dobrem.Até já me aconselharam
Um quarto lá no Hospital,
Tanto caipora me acharam,
Escaveirado, mal, mal…Ali visitas teria
Por obra de misericĂłrdia,
Embora comida fria,
Alguma vez, que mixĂłrdia!Mas sempre era doce ao peito
Ir acabar os meus dias
Na Praia, de qualquer jeito,
Perto da casa das tias.Tive o exemplo resignado
Que me deu a prima Alzira
Num lençolinho lavado
Com rendas limpas na vira.Ali matámos saudades,
Ela alegre e penteadinha,
Mal pensando eu que as idades
Não perdoam. Hoje é a minha.Também cheguei a pensar
No Asilo, talvez com um biombo.
Sou biqueiro. Mas jantar?
Todos ali, lombo a lombo.Como outrora o Tintaleis,
TrĂŞs-Quinze, Manuel de Deus
Eram duas vezes seis,
Poemas sobre Dois de Vitorino Nemésio
2 resultados Poemas de dois de Vitorino Nemésio. Leia este e outros poemas de Vitorino Nemésio em Poetris.
Quando Toda Ă©s Terra a Terra
Marga, teu busto tufa,
Dois gomos e véus de ilhal
Palpitam palmo de gente
Nesse tefe-tefe igual
E há qualquer coisa de ardente
Que se endireita e que rufa
Nem tambor a general.Marga, teu peitinho estringes,
Toca a quebrados na praça
De armas que empunham rapazes
De guarda a uma egĂpcia esfinge,
E um vento de guerra passa
E o pau da bandeira ringe
Antes de fazer as pazes.Marga, que deusa de guerra,
A MiosĂłtis se interpĂ´s
Quando toda Ă©s terra a terra
Cálice de rododendro
Zango nunca em ti se pĂ´s
Em estames senĂŁo tremendo…