Poemas sobre Duros de CecĂ­lia Meireles

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Poemas de duros de CecĂ­lia Meireles. Leia este e outros poemas de CecĂ­lia Meireles em Poetris.

Rimance

Onde Ă© que dĂłi na minha vida,
para que eu me sinta tĂŁo mal?
quem foi que me deixou ferida
de ferimento tĂŁo mortal?

Eu parei diante da paisagem:
e levava uma flor na mĂŁo.
Eu parei diante da paisagem
procurando um nome de imagem
para dar à minha canção.

Nunca existiu sonho tĂŁo puro
como o da minha timidez.
Nunca existiu sonho tĂŁo puro,
nem também destino tão duro
como o que para mim se fez.

Estou caĂ­da num vale aberto,
entre serras que nĂŁo tĂŞm fim.
Estou caĂ­da num vale aberto:
nunca ninguém passará perto,
nem terá notícias de mim.

Eu sinto que nĂŁo tarda a morte,
e só há por mim esta flor;
eu sinto que nĂŁo tarda a morte
e nĂŁo sei como Ă© que suporte
tanta solidĂŁo sem pavor.

E sofro mais ouvindo um rio
que ao longe canta pelo chĂŁo,
que deve ser lĂ­mpido e frio,
mas sem dó nem recordação,
como a voz cujo murmĂşrio
morrerá com o meu coração…

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De Que SĂŁo Feitos os Dias?

De que sĂŁo feitos os dias?
– De pequenos desejos,
vagarosas saudades,
silenciosas lembranças.

Entre mágoas sombrias,
momentâneos lampejos:
vagas felicidades,
inactuais esperanças.

De loucuras, de crimes,
de pecados, de glĂłrias
– do medo que encadeia
todas essas mudanças.

Dentro deles vivemos,
dentro deles choramos,
em duros desenlaces
e em sinistras alianças…