Mais Valera…
Baldadas, as tuas orações fervorosas,
vĂŁs, as tuas vigĂlias sem cansaço,
inúteis, as tuas rugas que foram lágrimas, Mãe!
E sĂŁo brancos os teus cabelos por ser negra a minha vida…Todos os amparos pedidos para os meus passos,
todas as claridades imploradas para os meus caminhos,
todas as fontes solicitadas para as minhas sedes,
todos os vergéis requeridos para as minhas fomes,
todas as pedras com musgo seco rogadas para o meu descanso,
— tudo foi trocado para a felicidade doutra Mãe
que nĂŁo orou, talvez, fervorosamente,
nem vigiou noites e noites um berço, como estrela,
nem, MĂŁe, chorou as lágrimas que deixaram no teu rosto essa tristeza.Para mim veio este destino errante de poeta…
Comigo, a incerteza e frouxidĂŁo contĂnua de passos,
a escuridão em todos os caminhos inevitáveis,
a sede para que só há fontes secas,
a fome que nenhum fruto satisfaz,
as pedras ásperas onde o corpo nĂŁo pode estender-se…MĂŁe, porque nĂŁo me levaram os ciganos?
Poemas sobre Errantes de Alberto de Serpa
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