Poema Quotidiano
É tão depressa noite neste bairro
Nenhum outro porém senhor administrador
goza de tão eficiente serviço de sol
Ainda não há muito ele parecia
domiciliado e residente ao fim da rua
O senhor nĂŁo calcula todo o dia
que festa de luz proporcionou a todos
Nunca vi e já tenho os meus anos
lavar a gente as mĂŁos no sol como hoje
Donas de casa vieram encher de sol
cântaros alguidares e mais vasos domésticos
Nunca em tantos pés
assim humildemente brilhou
Orientou diz-se até os olhos das crianças
para a escola e pĂ´s reflexos novos
nas mĂseras vidraças lá do fundoHá quem diga que o sol foi longe demais
Algum dos pobres desta freguesia
apanhou-o na faca misturou-o no pĂŁo
Chegaram a tratá-lo por vizinho
Por este andar… Foi uma autĂŞntica loucura
O astro-rei tornado acessĂvel a todos
ele que ninguém habitualmente saudava
Sempre o mesmo indiferente
espectáculo de luz sobre os nossos cuidados
ĂŤamos vĂnhamos entrávamos nĂŁo vĂamos
aquela persistĂŞncia rubra. Ousaria
alguém deixar um só daqueles raios
atravessar-lhe a vida iluminar-lhe as penas?
Poemas sobre Escola de Ruy Belo
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