Poemas sobre EspĂ­rito de Manuel Maria Barbosa du Bocage

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Tu, VĂŁ Filosofia

Tu, vĂŁ Filosofia, embora aviltes
Os crentes nas visÔes do pensamento,
Turvo clarĂŁo de raciocĂ­nios tristes
Por entre sombras nos conduz, e a mente,
Rastejando a verdade, a desencanta;
Nem doloroso espĂ­rito se ilude,
Se o que, dormindo, creu, crĂȘ, despertando.
Até no afortunado a vida é sonho
(Sonho, que lĂĄ no fim se verifica),
E ansioso pesadelo em mim, que a choro,
Em mim, que provo o fel da desventura,
Desde que levantei, que abri, carpindo,
Os olhos infantis Ă  luz primeira;
Em mim, que fui, que sou de Amor o escravo,
E a vĂ­tima serei, e o desengano
Da suprema paixĂŁo, por ti cantada
Em versos imortais, como o princĂ­pio
Etéreo, criador, de que emanaram.

GratidĂŁo

A minha gratidĂŁo te dĂĄ meus versos:
Meus versos, da lisonja nĂŁo tocados,
Satélites de Amor, Amor seguindo
Co’as asas que lhes pĂŽs benigna Fama,
Qual nĂ­veo bando de inocentes pombas,
Os lares vĂŁo saudar, propĂ­cios lares,
Que em doce recepção me contiveram
Incertos passos da IndigĂȘncia errante;
Dos olhos vĂŁo ser lidos, que apiedara
A catĂĄstrofe acerba de meus dias,
Dos infortĂșnios meus o quadro triste;
VĂŁo pousar-te nas mĂŁos, nas mĂŁos que foram
TĂŁo dadivosas para o vate opresso,
Que o peso dos grilhÔes me aligeiraram,
Que sobre espinhos me esparziram flores,
Enquanto nĂŁo recentes, vĂŁos amigos,
InĂșteis coraçÔes, volĂșvel turba
(A versos mais atenta que a suspiros)
No Letes mergulhou memĂłrias minhas.
Amigos da Ventura e nĂŁo de Elmano,
Aónio serviçal de vós me vinga;
Ao nome da Virtude o VĂ­cio core.

NĂŁo sei se vens de herĂłis, se vens de grandes;
NĂŁo sei, meu benfeitor, se teus maiores
Foram cobertos, decorados foram
De purpĂșreos dossĂ©is, de mĂĄrcios loiros;
Sei que frequentas da Amizade o templo,
Que Ă©s grande,

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