Poemas sobre Estrelas de António Manuel Couto Viana

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Poemas de estrelas de António Manuel Couto Viana. Leia este e outros poemas de António Manuel Couto Viana em Poetris.

É Tempo de Natal

É tempo de Natal. Exibe-se um pinheiro,
Com lâmpadas de cor, sobre o balcão.
Tem, também, pendurados, a isca do dinheiro
E flocos finos de algodão.

Nas férias, foge a freguesia
Do final das manhãs,
Com os seus kispos disformes, de inflada fantasia,
E o conforto das lãs.

Bebem-se mais bebidas quentes.
O chão, mais húmido, incomoda.
E há apelos insistentes
Do cauteleiro que anda à roda.

Os embrulhos, nas mesas, nos regaços,
Com vistosos papéis,
Florescem de acetinados laços,
Lembram o oiro, o incenso, a mirra, em mãos de reis.

Muitos adultos. Pouca criançada.
Muito cansaço. Pouca animação.
A vida (a cruz!) tão cara, tão pesada!
E dão-se as boas-festas sem se sentir que o são.

Consigo mesa junto à vidraça.
E é em mim que procuro, ou é lá fora,
A estrela que não luz, o pastor que não passa,
O anjo que não vem anunciar a hora?

Cenário de Natal Sem o Natal

Nenhuma estrela luz, com mais brilho no céu.
Não oiço rumor d’asa ou de vagido
É meia-noite já. E ainda não nasceu.
O que terá acontecido?

Eu, para aqui ajoelhado,
A memória da infância a pedir-me alegria,
Todo o presépio armado
… E a mangedoira vazia!

O silêncio apavora:
Nem uma loa, nem o som de um sino.
Porquê tanta demora?
Não mais irá nascer o meu menino?

Nenhum sinal de sobrenatural
No cenário onde a fé não sublima nem arde.
Por isso, o meu Natal
Vai chegar tarde.

(Para sempre tarde?)

Natal cada Natal

Quando na mais sublime dor,
A mulher dá à luz,
Há sempre um Anjo Anunciador
A murmurar-lhe ao coração — Jesus!

Cada criança é o Céu que vem
Pra nos remir do pecado
E as palhas d’oiro de Belém
Espalham-se no berço, como um Sol espelhado

Por sobre o lar presepial , o brilho
Da estrela abre o convite dos portais:
— Vinde adorar a floração do filho
No alvoroço da raiz dos pais.