Poemas Exclamativos de Frederico de Brito

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Canoa do Tejo

Canoa de vela erguida
Que vens do Cais da Ribeira,
Gaivota que anda perdida
Sem encontrar companheira,
O Vento sopra nas Fragas,
O Sol parece um morango
E o Tejo baila com as vagas
A ensaiar um fandango

Estribilho:
Canoa, conheces bem,
Quando há Norte pela proa,
Quantas docas tem Lisboa
E as muralhas que ela tem!
Canoa, por onde vais,
Se algum barco te abalroa,
Nunca mais voltas ao Cais!
Nunca, nunca, nunca mais!!

Canoa de vela panda
Que vens da Boca da Barra
E trazes na aragem branda
Gemidos duma guitarra,
Teu arrais prendeu a vela;
E se adormeceu, deixá-lo!
Agora muita cautelaa
Não vá o Mar acordá-lo!

Fado das queixas

P’ra que te queixas de mim
Se eu sou assim
como tu Ă©s,
Barco perdido no mar
Que anda a bailar

Com as marés?
Tu já sabias
Que eu tinha o queixume
Do mesmo ciĂşme
Que sempre embalei…
Tu já sabias
Que amava deveras;
Também quem tu eras,
Confesso, nĂŁo sei!

Estribilho:
NĂŁo sei
Quem Ă©s
Nem quero saber,
Errei
Talvez,
Mas que hei-de fazer?
A tal paixĂŁo
Que jamais findará,
– Pura ilusĂŁo! –
Ninguém sabe onde está!
Dos dois,
Diz lá
O que mais sofreu!
Diz lá
Que o resto sei eu!

P’ra que me queixo eu tambĂ©m
Do teu desdem
Que me queimou
Se Ă© eu queixar-me afinal
Dum temporal
Que já passou?
Tu nem calculas
As mágoas expressas
E a quantas promessas
Calámos a voz!
Tu nem calculas
As bocas que riam
E quantas podiam
Queixar-se de nĂłs!

Estribilho