Poemas sobre Festa de Álvaro de Campos

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Poemas de festa de Álvaro de Campos. Leia este e outros poemas de Álvaro de Campos em Poetris.

A Melhor Maneira de Viajar Ă© Sentir

Afinal, a melhor maneira de viajar Ă© sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas sĂŁo, em verdade, excessivas
E toda a realidade Ă© um excesso, uma violĂȘncia,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fĂșria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que sĂŁo as psiques humanas no seu acordo de sentidos.

Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como vĂĄrias pessoas,
Quanto mais personalidade eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existĂȘncia total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.
Mais anĂĄlogo serei a Deus, seja ele quem for,
Porque, seja ele quem for, com certeza que Ă© Tudo,
E fora d’Ele hĂĄ sĂł Ele, e Tudo para Ele Ă© pouco.

Cada alma Ă© uma escada para Deus,
Cada alma Ă© um corredor-Universo para Deus,
Cada alma Ă© um rio correndo por margens de Externo
Para Deus e em Deus com um sussurro soturno.

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Desfraldando ao Conjunto FictĂ­cio dos CĂ©us estrelados

Desfraldando ao conjunto fictício dos céus estrelados
O esplendor do sentido nenhum da vida…

Toquem num arraial a marcha fĂșnebre minha!
Quero cessar sem consequĂȘncias…
Quero ir para a morte como para uma festa ao crepĂșsculo.

Na Casa Defronte

Na casa defronte de mim e dos meus sonhos,
Que felicidade hĂĄ sempre!

Moram ali pessoas que desconheço, que jå vi mas não vi.
SĂŁo felizes, porque nĂŁo sou eu.

As crianças, que brincam às sacadas altas,
Vivem entre vasos de flores,
Sem dĂșvida, eternamente.

As vozes, que sobem do interior do doméstico,
Cantam sempre, sem dĂșvida.
Sim, devem cantar.

Quando hĂĄ festa cĂĄ fora, hĂĄ festa lĂĄ dentro.
Assim tem que ser onde tudo se ajusta —
O homem Ă  Natureza, porque a cidade Ă© Natureza.

Que grande felicidade nĂŁo ser eu!

Mas os outros não sentirão assim também?
Quais outros? NĂŁo hĂĄ outros.
O que os outros sentem Ă© uma casa com a janela fechada,
Ou, quando se abre,
É para as crianças brincarem na varanda de grades,
Entre os vasos de flores que nunca vi quais eram.
Os outros nunca sentem.

Quem sente somos nĂłs,
Sim, todos nĂłs,
Até eu, que neste momento jå não estou sentindo nada.

Nada! NĂŁo sei…
Um nada que dĂłi…

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