Poemas sobre Folhas de Almeida Garrett

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Poemas de folhas de Almeida Garrett. Leia este e outros poemas de Almeida Garrett em Poetris.

Rosa Pálida

Rosa pálida, em meu seio
Vem, querida, sem receio
Esconder a aflita cor.
Ai!, a minha pobre rosa!
Cuida que Ă© menos formosa
Porque desbotou de amor.

Pois sim… quando livre, ao vento,
Solta de alma e pensamento,
Forte de tua isenção,
Tinhas na folha incendida
O sangue, o calor e a vida
Que ora tens no coração.

Mas nĂŁo eras, nĂŁo, mais bela,
Coitada, coitada dela,
A minha rosa gentil!
Coravam-na entĂŁo desejos,
Desmaiam-na agora os beijos…
Vales mais mil vezes, mil.

Inveja das outras flores!
Inveja de quĂŞ, amores?
Tu, que vieste dos CĂ©us,
Comparar tua beleza
Ă€s filhas da natureza!
Rosa, nĂŁo tentes a Deus.

E vergonha!… de quê, vida?
Vergonha de ser querida,
Vergonha de ser feliz!
Porquê?… porquê em teu semblante
A pálida cor da amante
A minha ventura diz?

Pois, quando eras tĂŁo vermelha
Não vinha zângão e abelha
Em torno de ti zumbir?
NĂŁo ouvias entre as flores
HistĂłrias dos mil amores
Que nĂŁo tinhas,

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Perfume da Rosa

Quem bebe, rosa, o perfume
Que de teu seio respira?
Um anjo, um silfo? ou que nume
Com esse aroma delira?

Qual Ă© o deus que, namorado,
De seu trono te ajoelha,
E esse néctar encantado
Bebe oculto, humilde abelha?

– Ninguém? – Mentiste: essa frente
Em languidez inclinada,
Quem ta pĂ´s assim pendente?
Dize, rosa namorada.

E a cor de pĂşrpura viva
Como assim te desmaiou?
e essa palidez lasciva
Nas folhas quem ta pintou?

Os espinhos que tĂŁo duros
Tinhas na rama lustrosa,
Com que magos esconjuros
Tos desarmam, Ăł rosa?

E porquê, na hástea sentida
Tremes tanto ao pĂ´r do sol?
Porque escutas tĂŁo rendida
O canto do rouxinol?

Que eu nĂŁo ouvi um suspiro
Sussurrar-te na folhagem?
Nas águas desse retiro
NĂŁo espreitei a tua imagem?

Não a vi aflita, ansiada…
– Era de prazer ou dor? –
Mentiste, rosa, Ă©s amada,
E também tu amas, flor.

Mas ai! se nĂŁo for um nume
O que em teu seio delira,

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