Exílio
Dentro de cada rosto vai-se
e perde o passo antes certo
que não se quisera passo, mas silêncio.Se em vão caminha e nada encontra,
um rosto e cada ruga, cada cancro
conferem o périplo e o decretam
desde sempre, nas frias manhãs do tempo, nulo.Mármores, fátua memória de um crime,
ou qualquer música degredada em pranto,
nada falta, mas fasta, imóvel, sucessiva
uma lua basta e sua lousa, desterro.Letras, pedras, fomes, por entre grades paisagem
ou rosto informe no fundo de uma página,
vai a viagem ontem e esquece, urro ou simples erro.
Poemas sobre Fome de Pedro Paulo de Sena Madureira
2 resultados Poemas de fome de Pedro Paulo de Sena Madureira. Leia este e outros poemas de Pedro Paulo de Sena Madureira em Poetris.
Mordaças
(fragmento)
O que somos
se não somos mais do que
fôramos, somos e teremos sido
intactos neste ventre
sombras na Sombra?Nossos emblemas,
nossa linguagem e espelhos,
vagidos na tarde mansa, o que são se,
rabiscos de uma memória para sempre futura
do que não fôramos, não somos, nem,
covardes, teremos sido,
já não insistem com seu fogo antigo,
e nos perdemos nos vãos de nosso horror,
amordaçados e quietos,
famintos nesta Fome
que nos corrompe e não nos explica?