Poemas sobre Fortes de Carlos Drummond de Andrade

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Poemas de fortes de Carlos Drummond de Andrade. Leia este e outros poemas de Carlos Drummond de Andrade em Poetris.

VĂ©spera

Amor: em teu regaço as formas sonham
o instante de existir: ainda Ă© bem cedo
para acordar, sofrer. Nem se conhecem
os que se destruirĂŁo em teu bruxedo.

Nem tu sabes, amor, que te aproximas
a passo de veludo. És tão secreto,
reticente e ardiloso, que semelhas
uma casa fugindo ao arquitecto.

Que presságios circulam pelo éter,
que signos de paixão, que suspirália
hesita em consumar-se, como flĂşor,
se não a roça enfim tua sandália?

Não queres morder célere nem forte.
Evitas o clarĂŁo aberto em susto.
Examinas cada alma. É fogo inerte?
O sacrifício há de ser lento e augusto.

EntĂŁo, amor, escolhes o disfarce.
Como brincas (e és sério) em cabriolas,
em risadas sem modo, pés descalços,
no cĂ­rculo de luz que desenrolas!

Contempla este jardim: os namorados,
dois a dois, lábio a lábio, vão seguindo
de teu capricho o hermético astrolábio,
e perseguem o sol no dia findo.

E se deitam na relva; e se enlaçando
num desejo menor, ou na indecisa
procura de si mesmos,

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As Sem Razões do Amor

Eu te amo porque te amo.
NĂŁo precisas ser amante,
e nem sempre sabes sĂŞ-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor nĂŁo se paga.

Amor é dado de graça,
Ă© semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque nĂŁo amo
bastante ou de mais a mim.
Porque amor nĂŁo se troca,
nĂŁo se conjuga nem se ama.
Porque amor Ă© amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor Ă© primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.