Eternidade
A minha eternidade neste mundo
Sejam vinte anos sĂł, depois da morte!
O vento, eles passados, que, enfim, corte
A flor que no jardim plantei tĂŁo fundo.As minhas cartas leia-as quem quiser!
Torne-se pĂșblico o meu pensamento!
E a terra a que chamei â minha mulher â
A outros dĂȘ seu lĂĄbio sumarento!A outros abra as fontes do prazer
E teça o leito em pétalas e lume!
A outros dĂȘ seus frutos a comer
E em cada noite a outros dĂȘ perfume!O globo tem dois pĂłlos: Ontem e hoje.
Dizemos sĂł: â Meu pai! ou sĂł:â Meu filho!
O resto Ă© baile que nĂŁo deixa trilho.
Rosto sem carne; fixidez que foge.Venham beijar-me a campa os que me beijam
Agora, frĂĄgeis, frĂvolos e humanos!
Os que me virem, morto, ainda me vejam
Depois da morte, vivo, ainda vinte anos!Nuvem subindo, anis que se evapora…
Assim um dia passe a minha vida!
Mas, antes, que uma lĂĄgrima sentida
Traga a certeza de que alguém me chora!Adro!
Poemas sobre Fundo de Pedro Homem de Melo
3 resultadosJuventude
Lembras-te, Carlos, quando, ao fim do dia,
Felizes, ambos, Ăamos nadar
E em nossa boca a espuma persistia
Em dar ao Sol o nome do Luar?Tudo era fĂĄcil, melodioso e longo.
Aqui e alĂ©m, um sĂșbito ditongo
Ecoava em nós certa canção pagã.Contudo o azul do mar não tinha fundo
E o mundo continuava a ser o mundo
Banhado pela aragem da manhĂŁ!…
InocĂȘncia
De um lado, a veste; o corpo, do outro lado,
LĂmpido, nu, intacto, sem defesa…
Mitológico rosto debruçado
Na noite que, por ele, fica acesa!Se traz os lĂĄbios hĂșmidos e lassos
Ă que a paixĂŁo sem mĂĄcula ainda o cega
E tatuou na curva de alvos braços
As sete letras da palavra: entrega.Acre perfume o dessa flor agreste.
Ălcool azul o desse verde vinho.
De um lado o corpo; do outro lado, a veste
Como luar deitado no caminho…Em frente hĂĄ um pinheiro cismador.
O rio corre, vagaroso ao fundo.
Na estrada ninguĂ©m passa… Ai! tanto amor
Sem culpa!
Ai! dos Poetas deste mundo!