Existir Ă© Ser PossĂvel Haver Ser
Ah, perante esta Ășnica realidade, que Ă© o mistĂ©rio,
Perante esta Ășnica realidade terrĂvel â a de haver uma realidade,
Perante este horrĂvel ser que Ă© haver ser,
Perante este abismo de existir um abismo,
Este abismo de a existĂȘncia de tudo ser um abismo,
Ser um abismo por simplesmente ser,
Por poder ser,
Por haver ser!
â Perante isto tudo como tudo o que os homens fazem,
Tudo o que os homens dizem,
Tudo quanto constroem, desfazem ou se constrói ou desfaz através deles,
Se empequena!
NĂŁo, nĂŁo se empequena… se transforma em outra coisa â
Numa sĂł coisa tremenda e negra e impossĂvel,
Urna coisa que estå para além dos deuses, de Deus, do Destino
âAquilo que faz que haja deuses e Deus e Destino,
Aquilo que faz que haja ser para que possa haver seres,
Aquilo que subsiste através de todas as formas,
De todas as vidas, abstratas ou concretas,
Eternas ou contingentes,
Verdadeiras ou falsas!
Aquilo que, quando se abrangeu tudo, ainda ficou fora,
Porque quando se abrangeu tudo nĂŁo se abrangeu explicar por que Ă© um tudo,
Poemas sobre GĂ©meos de Ălvaro de Campos
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