Meu Camarada e Amigo
Revejo tudo e redigo
meu camarada e amigo.
Meu irmĂŁo suando pĂŁo
sem casa mas com razĂŁo.
Revejo e redigo
meu camarada e amigoAs canções que trago prenhas
de ternura pelos outros
saem das minhas entranhas
como um rebanho de potros.
Tudo vai roendo a erva
daninha que me entrelaça:
canção não pode ser serva
homem não pode ser caça
e a poesia tem de ser
como um cavalo que passa.É por dentro desta selva
desta raiva   deste grito
desta toada que vem
dos pulmões do infinito
que em todos vejo ninguém
revejo tudo e redigo:
Meu camarada e amigo.Sei bem as mĂłs que moendo
pouco a pouco trituraram
os ossos que estĂŁo doendo
àqueles que não falaram.Calculo até os moinhos
puxados a Ăłdio e sal
que a par dos monstros marinhos
vĂŁo movendo Portugal
— mas um poeta só fala
por sofrimento total!Por isso calo e sobejo
eu que sĂł tenho o que fiz
dando tudo mas Ă toa:
Amigos no Alentejo
alguns que estĂŁo em Paris
muitos que sĂŁo de Lisboa.
Poemas sobre Grito de Ary dos Santos
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Cantiga de Amigo
Nem um poema nem um verso nem um canto
tudo raso de ausĂŞncia tudo liso de espanto
e nem Camões VirgĂlio Shelley Dante
– o meu amigo está longe
e a distância é bastante.Nem um som nem um grito nem um ai
tudo calado todos sem mĂŁe nem pai
Ah nĂŁo Camões VirgĂlio Shelley Dante!– o meu amigo está longe
e a tristeza Ă© bastante.Nada a nĂŁo ser este silĂŞncio tenso
que faz do amor sozinho o amor imenso.
Calai Camões VirgĂlio Shelley Dante:
o meu amigo está longe
e a saudade Ă© bastante!