A Melhor Maneira de Viajar Ă© Sentir
Afinal, a melhor maneira de viajar Ă© sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas sĂŁo, em verdade, excessivas
E toda a realidade Ă© um excesso, uma violĂȘncia,
Uma alucinação extraordinariamente nĂtida
Que vivemos todos em comum com a fĂșria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrĂfugas
Que sĂŁo as psiques humanas no seu acordo de sentidos.Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como vĂĄrias pessoas,
Quanto mais personalidade eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existĂȘncia total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.
Mais anĂĄlogo serei a Deus, seja ele quem for,
Porque, seja ele quem for, com certeza que Ă© Tudo,
E fora d’Ele hĂĄ sĂł Ele, e Tudo para Ele Ă© pouco.Cada alma Ă© uma escada para Deus,
Cada alma Ă© um corredor-Universo para Deus,
Cada alma Ă© um rio correndo por margens de Externo
Para Deus e em Deus com um sussurro soturno.
Poemas sobre Hino de Ălvaro de Campos
2 resultadosReticĂȘncias
Arrumar a vida, pÎr prateleiras na vontade e na acção.
Quero fazer isto agora, como sempre quis, com o mesmo resultado;
Mas que bom ter o propĂłsito claro, firme sĂł na clareza, de fazer qualquer coisa!
Vou fazer as malas para o Definitivo,
Organizar Ălvaro de Campos,
E amanhĂŁ ficar na mesma coisa que antes de ontem â um antes de ontem que Ă© sempre…
Sorrio do conhecimento antecipado da coisa-nenhuma que serei.
Sorrio ao menos; sempre Ă© alguma coisa o sorrir…
Produtos romĂąnticos, nĂłs todos…
E se nĂŁo fĂŽssemos produtos romĂąnticos, se calhar nĂŁo serĂamos nada.
Assim se faz a literatura…
Santos Deuses, assim até se faz a vida!
Os outros também são romùnticos,
Os outros também não realizam nada, e são ricos e pobres,
Os outros também levam a vida a olhar para as malas a arrumar,
Os outros também dormem ao lado dos papéis meio compostos,
Os outros também são eu.
Vendedeira da rua cantando o teu pregĂŁo como um hino inconsciente,
Rodinha dentada na relojoaria da economia polĂtica,
Mãe, presente ou futura, de mortos no descascar dos Impérios,