Poemas sobre Homens de John Donne

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Poemas de homens de John Donne. Leia este e outros poemas de John Donne em Poetris.

Infinitude dos Amantes

Se até agora ainda não possuo todo o teu amor,
Querida, nunca o terei de todo.
NĂŁo posso soltar mais um suspiro, comover-me,
Nem suplicar a mais outra lágrima que corra;
E todo o meu tesouro, que deveria comprar-te —
Suspiros, lágrimas, juras e cartas — já gastei.
Porém, nada mais me poderá ser devido,
Além do proposto no negócio acordado:
Se então a tua dádiva de amor foi parcial,
Que parte a mim, parte a outros, caberia,
Querida, nunca te possuirei totalmente.

Mas, se entĂŁo me deste tudo,
Tudo seria apenas o tudo que ao tempo tinhas;
E se em teu coração, desde então, existe ou venha
A existir novo amor gerado por outros homens,
Cujos haveres estejam intactos e possam, em lágrimas,
Em suspiros, em juras e cartas, exceder a minha oferta,
Este novo amor pode suscitar novos receios,
Dado que um tal amor nĂŁo foi jurado por ti.
Mas se foi, sendo as tuas dádivas gerais,
O terreno — o teu coração —, é meu, e o que quer
Que nele cresça, querida, pertence-me totalmente.

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O Amor Limitado

Algum homem indigno de ser possuidor
De amor velho ou novo, sendo ele prĂłprio falso ou fraco,
Pensou que a sua dor e vergonha seriam menores
Se a sua ira sobre as mulheres descarregasse.
E entĂŁo uma lei nasceu:
Que cada uma um sĂł homem conhecesse.
Mas sĂŁo assim as outras criaturas?

SĂŁo o sol, a lua, as estrelas proibidos por lei
De sorrir para onde lhes apetece, ou de esbanjar a sua luz?
Divorciam-se os pássaros, ou são censurados
Se abandonam o seu par, ou dormem fora uma noite?
Os animais não perdem as suas pensões
Ainda que escolham novos amantes,
Mas nós fizémo-nos piores do que eles.

Quem já armou belos navios para ancorar nos portos,
Em vez de buscar novas terras, ou negociar com todos?
Ou construiu belas casas, plantou árvores e arbustos,
Apenas para as trancar, ou então deixá-los cair?
O Bom nĂŁo Ă© bom, a nĂŁo ser
Que mil coisas possua,
Mas arruĂ­na-se com a avidez.

Tradução de Helena Barbas

O Sonho

Amor querido, por nada menos que tu
Teria eu interrompido este sonho feliz:
Era um tema
Para a razĂŁo, demasiado forte para fantasia.
Portanto, sabiamente, me acordaste; porém
O meu sonho nĂŁo terminou, continuou contigo.
És tão verdadeira que bastam os pensamentos de ti
Para tornar sonhos realidade, fábulas em história.
Vem a meus braços, pois se pensaste ser melhor
Que nĂŁo sonhasse todo o meu sonho, concretizemos o resto.

Como o relâmpago, ou a luz da vela,
Teus olhos, e nĂŁo o teu ruĂ­do, me acordaram;
Porém pensei que eras
(Tu que amas a verdade) um Anjo — à primeira vista.
Mas quando vi que vias o meu coração
E os meus pensamentos, para além da arte do anjo,
Como sabias do meu sonho, como sabias quando
O excesso de gozo me acordaria, e entĂŁo vieste,
Devo confessar que no mĂ­nimo, seria
Ultrajante, pensar-te outra coisa que nĂŁo tu.

Vindo e ficando mostrou-me que tu Ă©s tu.
Mas o levantares-te faz-me duvidar, e temo agora
Que tu já não sejas tu.
E fraco o amor quando o medo Ă© tĂŁo forte como ele;

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O Indiferente

Posso amar tanto louras como morenas,
A que cede à abundância e a que trai por pobreza,
A que busca a solidĂŁo e a que se mascara e brinca,
Aquela que o campo cultivou e a da cidade,
A que acredita, e a que hesita,
A que ainda lacrimeja com olhos esponjosos,
E a rolha seca que nunca chora.
Eu posso amar essa e esta, e tu, e tu,
Posso amar qualquer uma, desde que nĂŁo seja leal.

Nenhum outro vício vos satisfará?
Não vos será útil fazer como as vossas mães?
Ou, gastos todos os velhos vĂ­cios, inventaram novos?
Ou atormenta-vos o medo de que os homens sejam fiéis?
Oh, não o somos, não o sejais vós também,
Deixai-me conhecer, eu e vĂłs, mais de vinte.
Roubem-me, mas nĂŁo me prendam, deixai-me ir.
Devo eu, que vim a estas dores através de vós
Tornar-me vosso fiel sĂşbdito, porque sois leais?

Vénus ouviu-me suspirar esta canção,
E pela maior doçura do amor, a variedade, jurou
Que a não ouvira até então, e não mais seria assim.
E foi-se,

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