Poemas sobre Horas de Francisco Bugalho

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Poemas de horas de Francisco Bugalho. Leia este e outros poemas de Francisco Bugalho em Poetris.

Dois Meninos

Meu menino canta, canta
Uma canção que é ele só que entende
E que o faz sorrir.

Meu menino tem nos olhos os mistérios
Dum mundo que ele vê e que eu não vejo
Mas de que tenho saudades infinitas.

As cinco pedrinhas são mundos na mão.
Formigas que passam,
Se brinca no chão,
São seres irreais…

Meu menino d’olhos verdes como as águas
Não sabe falar,
Mas sabe fazer arabescos de sons
Que têm poesia.

Meu menino ama os cães,
Os gatos, as aves e os galos,
(São Francisco de Assis
Em menino pequeno)
E fica horas sem fim,
Enlevado, a olhá-los.

E ao vê-lo brincar, no chão sentadinho,
Eu tenho saudades, saudades, saudades
Dum outro menino…

Oh, Vida! Fugitiva Companheira

Oh, Vida!
Fugitiva companheira,
Eu sinto que não posso acompanhar-te.
Por isso, nesta hora feiticeira,
Quisera erguer-te uma barreira
E fazer-te parar
E abraçar-te;
E abraçar-te tão íntimo e tão fundo
Que toda a vida apenas de um segundo
Em mim entrasse, em mim vivesse,
E que depois viesse o fim do Mundo
Ou que eu morresse!…

Herói Vencido

Naquele dia
Parti
A hora em que a cidade era saudosa
Das vidas que eu viveria
Se me não fora impossível.
Ali,
Tudo me prometia
O perdido para sempre,
E tudo me era sensível,
Como se fosse de novo,
Ou eu visse
Com os olhos da outra gente.

Nesse momento,
De mim próprio tão diferente,
Era o herói conhecido
De um romance concebido
E nunca realizado…

No ar da gare,
Entre o silvo das partidas,
Estava suspenso, parado,
O perfume concentrado
De todas as despedidas.