Poemas sobre Horas de Pedro Tamen

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Poemas de horas de Pedro Tamen. Leia este e outros poemas de Pedro Tamen em Poetris.

O Mar Ă© Longe, mas Somos NĂłs o Vento

O mar Ă© longe, mas somos nĂłs o vento;
e a lembrança que tira, até ser ele,
Ă© doutro e mesmo, Ă© ar da tua boca
onde o silĂŞncio pasce e a noite aceita.
Donde estás, que névoa me perturba
mais que nĂŁo ver os olhos da manhĂŁ
com que tu mesma a vês e te convém?
Cabelos, dedos, sal e a longa pele,
onde se escondem a tua vida os dá;
e Ă© com mĂŁos solenes, fugitivas,
que te recolho viva e me concedo
a hora em que as ondas se confundem
e nada é necessário ao pé do mar.

Amar-te Ă© Vir de Longe

Amar-te Ă© vir de longe,
descer o rio verde atrás de ti,
abrir os braços longos desde os sete
anos sob a latada ao pé do largo,
guardar o cheiro a figos vistos lá,
a olho nu, ao pé, ao pé de ti,
parar a beber água numa fonte,
um acaso perdido no caminho
onde os vimes me roçam a memória
e te anunciam mĂŁos e te perfazem;
como se o sino Ă  hora de tocar
já fosse o tempo todo badalado,
e a tua boca se abrisse atrás do tojo,
e abaixo dos calções as pernas nuas
se rasgassem sĂł para o pequeno sangue,
tal o pequeno preço que me pedes.
Atrás da curva estavas, és, serias,
nos muros de granito, nas amoras.
Amar-te era lembrança e profecias,
uma porta já feita para abrir,
e encontrar o lar ou mĂşsica lavada
onde, se nasces, vives, duras, moras
— meu nome exacto e pão
no chĂŁo das alegrias.

Amigo, a que Vieste?

Onde foste ao bater das quatro horas
e, antes, quem eras tu, se eras?
Amigo ou inimigo, posso falar-te agora
sentado Ă  minha frente e com os ombros
vergados ao peso da caneta?
Falo-te sobre a cabeça baixa
e vejo para além de ti, no horizonte,
teus riscos e passadas;
mas nĂŁo sei onde foste, nem se eras.
Olho-te ao fundo, sob o sol e a chuva,
fazendo gestos largos ou sĂł um leve aceno;
dizes palavras antigas,
de antes das quatro horas,
e nada sei de ti que tu me digas
dessa cabeça surda.
NĂŁo te pergunto pela verdade,
que pensas de amanhã ou se já leste Goethe;
sequer se amaste ou amas
misteriosamente
uma mulher, um peixe, uma papoila.
NĂŁo quero essa mudez de condolĂŞncias
a mim, a ti, ou sĂł Ă  terra
que tu e eu pisamos — e comemos.
Pergunto simplesmente se tu eras,
quem eras, e onde foste
depois que se fizeram quatro horas.

Será que não tens olhos? Não tos vejo.
De longe em longe
agitas a cabeça,

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