O Poema em que te Busco Ă© a Minha Rede
O poema em que te busco Ă© a minha rede,
Bem mais de borboletas que de peixes,
E Ă© o copo em que te bebo: morro Ă sede
Mas ainda Ă©s margarida e nĂŁo-me-deixes
E muito mais, no enumerar das coisas:
Cordão de laço e corda de violino,
Saliva de verdade nalgum beijo,
E poisas
Como ave de aço em pão se não te vejo.
Mas onde mais real do céu me avisas
Ă nas tuas camisas,
Calças de cor no catre bem dobradas.
E Ă©s os meus pensamentos, se te ausentas,
Meu ciĂșme escuro como vinho em toalha;
E o branco circular das horas lentas
Que um perfurante amor lembrado espalha.
PÔe o penso no velo intercrural
Com um atilho vertical:
Rosa coberta esquiva
Quer a mĂŁo do desejo, quer
O conhecido cravo da agressĂŁo
Que estendo Ă s tuas formas de mulher,
Com esta soma e verbal percaução
De um fĂłnico doutor de Mompilher.
Poemas sobre Horas de Vitorino Nemésio
2 resultadosPedra de Canto
Ainda terĂĄs alento e pedra de canto,
Mito de PĂ©gaso, patada de sangue da mentira,
Para cantar em sĂlabas ĂĄsperas o canto,
De rima em -anto, o pranto,
O amor, o apego, o sossego, a rima interna
Das almas calmas, isto e aquilo, o canto
Do pranto em pedra aparelhada a corpo e escopro,
O estupro de outrora, a triste vida dela, o canto,
Buraco onde te metes, duplamente: com falo,
Falas, fĂĄ-la chorar e ganir, com falo o canto
No buraco de grilo onde anoiteces,
No buraco de falso eremita onde conheces
Teu nada, o dela, o buraco dela, o canto
De pedra, sim, canteiro por cantares e aparelhares
Com ela em rua e cama o falo fĂĄ-la cheia,
Canteiro porque o falo a julga flores, o canto
Ăspero do canteiro de pedra e sĂ©men que tu Ă©s
(No buraco do falo falaste),
Tu, falazĂŁo de amor, que a amas e conheces.
Amas a quem? Conheces quem? Pobre Hipocrene,
Apolo de pataco, CamÔes binocular, poeta de merda,Embora isso em sangue dessa pobre alma em ferida:
A dela,