Depois de Te Haver Criado, a Natureza Pasmou

A mãe, que em berço dourado
PĂŽs teu corpo cristalino,
É sup’rior ao Destino,
Depois de te haver criado.
Quando Amor, o Nume alado,
Tua infĂąncia acalentou,
Quando os teus dias fadou,
Minha LĂ­lia, minha amada,
A mĂŁe ficou encantada,
A Natureza pasmou.

Deve dar breve cuidado,
Motivar grande atenção,
A um Deus a criação,
Depois de te haver criado.
Deve de ser refinado
O engenho que ele mostrar
Desde o ponto em que criar;
Cuide nisto a omnipotĂȘncia,
Porque, ao ver a sua essĂȘncia,
A Natureza pasmou.

Ao mesmo CĂ©u nĂŁo Ă© dado
(Bem que tanto poder goza)
Criar coisa tĂŁo formosa
Depois de te haver criado.
Naquele instante dourado,
Em que teus dotes formou,
Apenas os completou,
Arengando-lhe o Destino,
Em um ĂȘxtase divino
A Natureza pasmou.

O CĂ©u nos tem outorgado
Quanto outorgar-nos podia;
O CĂ©u que mais nos daria
Depois de te haver criado?
Ninfa, das Graças traslado,
Ninfa, de que escravo sou,
Jove em ti se enfeitiçou,

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