Poemas Interrogativos de Ant贸nio Botto

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De Saudades vou Morrendo

De Saudades vou morrendo
E na morte vou pensando:
Meu am么r, por que partiste,
Sem me dizer at茅 quando?
Na minha boca t茫o linda,
脫 alegrias cantae!
Mas, quem se lembra d’um louco?
– Enchei-vos d’agua, meus olhos,
Enchei-vos d’agua, chorae!

A Vossa Carta Commove

A vossa carta commove,
Mas, n茫o vos posso acompanhar.
Deixae-me viver em penas;
– Vou soffrendo e vou sorrindo,
O meu destino 茅 chorar!

Sim, 茅 certo; – quem eu amo
Zomba e ri do meu am么r…
– Que hei-de eu fazer? – Resignar-me,
Gentillissimo Senhor!

Depois, quanto mais sabemos,
Parece que mais erramos:

– Antes soffrer os males que nos cercam
Do que ir em busca de outros que ignoramos.

Anda vem…

Anda vem…, porque te negas,
Carne morena, toda perfume?
Porque te calas,
Porque esmoreces,
Boca vermelha – rosa de lume?

Se a luz do dia
Te cobre de pejo,
Esperemos a noite presos num beijo.

D谩-me o infinito gozo
De contigo adormecer
Devagarinho, sentindo
O aroma e o calor
Da tua carne, meu amor!

E ouve, mancebo alado:
Entrega-te, s锚 contente!
– Nem todo o prazer
Tem vileza ou tem pecado!

Anda, vem!… D谩-me o teu corpo
Em troca dos meus desejos…
Tenho saudades da vida!
Tenho sede dos teus beijos!

Quem 茅 que Abra莽a o meu Corpo

Quem 茅 que abra莽a o meu corpo
Na penumbra do meu leito?
Quem 茅 que beija o meu rosto,
Quem 茅 que morde o meu peito?
Quem 茅 que falla da morte,
Docemente, ao meu ouvido?

脡s tu, Senhor dos meus olhos,
E sempre no meu sentido.

Passei o Dia Ouvindo o que o Mar Dizia

Eu hontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.

Chor谩mos, rimos, cant谩mos.

Fallou-me do seu destino,
Do seu fado…

Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Poz-se a cantar
Um canto molh谩do e lindo.

O seu halito perfuma,
E o seu perfume faz mal!

Deserto de aguas sem fim.

脫 sepultura da minha ra莽a
Quando me guardas a mim?…

Elle afastou-se calado;
Eu afastei-me mais triste,
Mais doente, mais cansado…

Ao longe o Sol na agonia
De r么xo as aguas tingia.

芦Voz do mar, mysteriosa;
Voz do am么r e da verdade!
– 脫 voz moribunda e d么ce
Da minha grande Saudade!
Voz amarga de quem fica,
Tr茅mula voz de quem parte…禄
. . . . . . . . . . . . . . . .

E os poetas a cantar
S茫o echos da voz do mar!

Anda, Vem

Anda, vem… por que te n茅gas,
Carne mor锚na, toda perfume?
Por que te c谩las,
Por que esmoreces
Boca verm锚lha, – rosa de lume!

Se a luz do dia
Te c贸bre de p锚jo,
Esperemos a noite presos n’um beijo.

D谩-me o infinito goso
De contigo adormecer,
Devagarinho, sentindo
O ar么ma e o cal么r
Da tua carne, – meu am么r!

E ouve, mancebo al谩do,
N茫o entriste莽as, n茫o penses,
– S锚 contente,
Porque nem todo o prazer
Tem peccado…

Anda, vem… d谩-me o teu corpo
Em troca dos meus desejos;

Tenho Saudades da vida!

Tenho s锚de dos teus beijos!

Ouve, Meu Anjo

Ouve, meu anjo:
Se eu beij谩sse a tua p茅l?
Se eu beij谩sse a tua boca
Onde a saliva 茅 um m茅l?…

Quiz afastar-se mostrando
Um sorriso desdenhoso;
Mas ai!
– A carne do assassino
脡 como a do virtuoso.

N’uma attitude elegante,
Mysteriosa, gentil,
Deu-me o seu corpo doirado
Que eu beijei quase febr铆l.

Na vidra莽a da janella,
A chuva, l茅ve, tinia…

Elle apertou-me, cerrando
Os olhos para sonhar…
E eu, lentamente, morria
Como um perfume no ar!